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Representantes das cinco regiões do país fizeram ato simbólico em frente ao Ministério da Justiça com caixão. Jovens levaram manifesto com 63 mil assinaturas por políticas públicas.

Por Luiza Garonce, G1 DF

Integrantes da Anisitia Internacional fazem ato pacífico em frente ao Ministério da Justiça pela redução da morte de negros no Brasil (Foto: Marina Oliveira/G1)

Integrantes da Anisitia Internacional fazem ato pacífico em frente ao Ministério da Justiça pela redução da morte de negros no Brasil

(Foto: Marina Oliveira/G1)

Integrantes da Anistia Internacional fazem movimento pacífico em frente ao Ministério da Justiça, em Brasília, nesta quarta-feira (6) para entregar o manifesto “Jovem Negro Vivo”, que demanda políticas de redução de homicídios da população negra no Brasil. A cada 23 minutos, um jovem negro morre no país, segundo o Mapa da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

Iniciado em 2014, o manifesto da Anistia coletou 63.132 assinaturas de apoio em todo o país por meio de uma plataforma online. O documento pede que as autoridades brasileiras assegurem aos jovens negros o “direito a uma vida livre de preconceito e de violência” e que dêem prioridade a “políticas públicas integradas de segurança pública, educação, cultura, trabalho, mobilidade urbana”.

Diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, leva 63 mil assinaturas no manifesto 'Jovem Negro Vivo' ao Minsitério da Justiça (Foto: Marina Oliveira/G1)

Diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, leva 63 mil assinaturas no manifesto ‘Jovem Negro Vivo’ ao Minsitério da Justiça (Foto: Marina Oliveira/G1)

Segundo a diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, as assinaturas objetivam a elaboração de um Plano Nacional de Redução dos Homicídios pelo Ministério da Justiça que “preserve a integridade físca, mental e moral dos meninos e meninas negras do Brasil”.

“Queremos políticas que levem em consideração os direitos da juventude negra e garantam os direitos humanos. Queremos saúde, educação, moradia”, disse em vídeo gravado ao vivo na internet por volta das 10h. “Queremos que o Estado enfrente de forma corajosa o racismo estrutural e institucional.”

A diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, segura manifesto 'Jovem Negro Vivo' em frente ao Ministério da Justiça (Foto: Marina Oliveira/G1)

A diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, segura manifesto ‘Jovem Negro Vivo’ em frente ao Ministério da Justiça (Foto: Marina Oliveira/G1)

Um pouco antes, por volta das 9h30, jovens representantes das cinco regiões do país carregaram um caixão que, segundo eles, simboliza as mortes diárias de pessoas negras. “Chega da racismo. Queremos mais políticas públicas, não só de segurnaça, mas que nos respeite, valorize a vida e nos preserve”, disse uma representante no vídeo.

“A juventude preta quer viver.”

Homicídios

Representantes da Anistia Internacional carregam caixão em frente ao Ministério da Justiça em ato simbólico em defesa das vidas negras (Foto: Marina Oliveira/G1)

Representantes da Anistia Internacional carregam caixão em frente ao Ministério da Justiça em ato simbólico em defesa das vidas negras

(Foto: Marina Oliveira/G1)

Segundo uma pesquisa realizada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado Federal, 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco”.

De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros subiu 18,2%, a mesma taxa teve queda de 12,2% entre habitantes não-negros, aponta pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgada em junho.

De acordo com o levantamento, os negros têm um risco 23,5% maior de sofrer assassinato em relação a outros grupos populacionais. Ao observar as pessoas que estão entre os 10% da população com maior risco de serem assassinadas, 78,9% delas são negras.

De cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras no Brasil.

Dados do Fundo das Nações Unidas (Unicef) apontam que de cada mil adolescentes brasileiros, quatro serão assassinados antes de completar 19 anos – três vezes mais negros do que brancos. A previsão se o cenário não mudar, é de que 43 mil brasileiros entre os 12 e os 18 anos sejam mortos entre 2015 e 2021.