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Crimes aconteceram entre fevereiro e junho deste ano em todo o país.
Ato ocorre dias depois de atentado a boate gay em Orlando (EUA).

Mural com rosas brancas na Faculdade de Direito da UnB lembra brasileiros mortos por preconceito contra LGBTs (Foto: Jéssica D'ávilla/Arquivo Pessoal)

Mural com rosas brancas na Faculdade de Direito da UnB lembra brasileiros mortos por preconceito contra LGBTs (Foto: Jéssica D’ávilla/Arquivo Pessoal)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Estudantes da Universidade de Brasília colaram 80 rosas brancas em uma parede da Faculdade de Direito em memória à morte de brasileiros da comunidade LGBT. Junto a cada flor foi colocado o nome de uma vítima. Ao meio, um cartaz trazia a mensagem “isso precisa acabar”. Os crimes aconteceram entre fevereiro e junho deste ano, e o painel ganhou o nome de “LGBTfobia mata”.

A intervenção começou nesta terça-feira (14) e dura até sábado. “Precisamos refletir, precisamos discutir, precisamos nossas atitudes. Enquanto continuarmos negligenciando a pauta, outros 80 morrerão nos próximos 5 meses”, diz um cartaz colocado próximo às rosas.

Rosa branca colocada em parede de faculdade da Universidade de Brasília em homenagem a Edivaldo Silva de Oliveira, que morreu vítima de preconceito contra LGBTs (Foto: Victor Ferreira/Arquivo Pessoal)

Rosa branca colocada em parede de faculdade da Universidade de Brasília em homenagem a Edivaldo Silva de Oliveira, que morreu vítima de preconceito contra LGBTs (Foto: Victor Ferreira/Arquivo Pessoal)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Representante do centro acadêmico do curso, Victor Ferreira afirmou ao G1 que o objetivo é expandir as atenções para além do atentado ocorrido à boate em Orlando (EUA) no dia dos namorados, quando 50 foram mortos e 53 ficaram feridos. Ele também disse que as flores brancas foram escolhidas como forma de indicar luto.

“Nosso objetivo foi de trazer para discussão, também para deixar claro que está cada vez mais difícil você ser, você viver, você amar sendo uma pessoa LGBT na nossa sociedade”, afirmou. “A gente tem muito essa preocupação. As pessoa esqueceram que motivação foi muito direcionada, claramente LGBTfóbica, e as pessoas estavam tratando como terrorismo. O publico foi direcionado, não foi ao acaso.”

Os dados de morte no Brasil foram coletados em um blog que lista perfis de vítimas e conta um pouco das histórias delas. Segundo Ferreira, professores e estudantes manifestação apoio à intervenção.

Cartaz pregado ao lado de rosas brancas em parede da Faculdade de Direito da UnB, em homenagem a brasileiros mortos por preconceito contra LGBTs (Foto: Victor Ferreira/Arquivo Pessoal)

Cartaz pregado ao lado de rosas brancas em parede da Faculdade de Direito da UnB, em homenagem a brasileiros mortos por preconceito contra LGBTs (Foto: Victor Ferreira/Arquivo Pessoal)


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

“Muita gente se sentiu representada e confortada, recebida, de saber que o tema foi trazido para o espaço, que o centro acadêmico trouxe isso, se sentiram seguros. É muito triste, mas estamos nos manifestando que isso não vai continuar. As pessoas se sentem representadas”, declarou.

Estudante do 11º semestre de direito, Jéssica D’ávilla afirmou achar positiva a manifestação. “Acredito que a convivência na faculdade deve se expandir para além da vida acadêmica, atingindo também questões sociais e promovendo debates de tópicos importantes para o convívio social. A temática em si é urgente, a situação da comunidade LGBT não pode continuar a ser negligenciada.”

Também do 11º semestre, Aurelio Faleiros disse acreditar que a intervenção é necessária diante do atual “cenário de horror”, em que “a LGBTfobia mata todos os dias”. O colega Hugo Fonseca também elogiou o mural.

“Achei de arrepiar e de certa forma acolhedor. Sendo o direito uns dos cursos mais conservadores e LGBTfóbicos, iniciativas como essa podem mudar a cultura jurídica, porque denunciam uma violência presente no nosso dia a dia”, disse.

O projeto de lei que criminaliza a homofobia acabou arquivada pelo Senado. Pela proposta, de 2001, a prática teria punição semelhante à de crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional .

A proposta foi aprovada na Câmara em 2006. No Senado, o projeto causou sessões tumultuadas nas comissões e foi defendido pela ex-ministra dos Direitos Humanos e deputada, Maria do Rosário (PT-RS).

Mural com 80 rosas brancas na Faculdade de Direito da UnB, em lembrança a brasileiros mortos por preconceito contra LGBTs (Foto: Victor Ferreira/Arquivo Pessoal)

Mural com 80 rosas brancas na Faculdade de Direito da UnB, em lembrança a brasileiros mortos por preconceito contra LGBTs (Foto: Victor Ferreira/Arquivo Pessoal)