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Estudantes que se manifestaram contra o cartaz prestaram depoimento.
Lista expôs intimidades sexuais de alunos no Centro de Vivência do campus.
Do G1 Piracicaba e Região

Estudantes começaram a ser ouvidos pela sindicância da USP em Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)

Estudantes começaram a ser ouvidos pela sindicância da USP em Piracicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)

A sindicância formada por professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da USP em Piracicaba (SP), ouviu, na manhã desta quarta-feira (34), três alunas sobre a lista que expõe intimidades da estudantes da universidade em um cartaz fixado no Centro de Vivência. As jovens não informaram o conteúdo dos depoimentos, mas afirmaram que outras pessoas foram chamadas para prestar esclarecimentos à instituição nos próximos dias.

A formação dos integrantes da comissão será mantida em sigilo pela universidade. A instituição informou que a comissão sindicante aberta para apurar o cartaz, que faz uma espécie de “ranking” das intimidades dos estudantes, terá “liberdade para trabalhar e não tem obrigação de informar a direção sobre o que está sendo feito” e, por isso, não terá acesso a detalhes dos depoimentos.
Segundo uma das alunas que foram ouvidas nesta quarta-feira, o conteúdo dos depoimentos será enviado à direção da universidade pela comissão sindicante em forma de relatório.

Manifestações
Na terça-feira (23), a Comissão  de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo protocolou um requerimento de convocação para que o diretor da USP em Piracicaba preste esclarecimentos sobre o cartaz. A proposta foi protocolada pela deputada Beth Sahão (PT), e será analisada nesta quarta-feira (24). Outros profissionais do Campus também devem ser convocados.

Cartaz na Esalq faz 'ranking' sexual de alunos da USP (Foto: Élice Botelho/Arquivo pessoal)

Cartaz na Esalq faz ‘ranking’ sexual de alunos da
USP (Foto: Élice Botelho/Arquivo pessoal)

A Câmara de Piracicaba (SP) aprovou, na noite de segunda-feira (22), uma moção de repúdio ao cartaz proposta pela Comissão de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania.Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso na esfera criminal.

Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Piracicaba, os autores da lista incorreram em três crimes: homofobia, difamação e calúnia. A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República afirmou que o caso reforça o “preconceito e a discriminação contra mulheres no Brasil”. O órgão informou que vai acompanhar a apuração e também questionará a instituição sobre o “ranking”.

Cartaz

Considerado preconceituoso e ofensivo por alunos e professores, o cartaz fixado no Centro de Vivência do campus era dividido em colunas que atribuíam, com palavra de baixo calão e termos como “teta preta”, as supostas características das estudantes listadas pelos apelidos com que foram batizadas no campus, além do número de pessoas que teria mantido relações. Os “codinomes” são uma tradição na Esalq e muitos universitários os carregam após o curso. A lista também cita homossexuais.