fbpx

Hoje faz uma semana que Henrique dos Santos Muniz tombou com um tiro na cabeça no mercado em que trabalhava. A Polícia Civil precisa esclarecer quem atirou em Henrique, se foram os bandidos, se foi o PM aposentado que se diz cliente do súper e afirma ter sido atacado.
Henrique tinha 18 anos.
Hoje faz dois dias que Maicon Douglas de Lima foi morto a tiros depois do jogo Novo Hamburgo x Aimoré. Houve confronto de torcidas, tiroteio com PMs.
A polícia precisa esclarecer quem atirou em Maicon, se foram torcedores, se foram PMs.
Maicon tinha 16 anos.
Henrique e Maicon, embora recém-assassinado, figuram nos estudos assinados pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz. O estudo mais recente do mestre foi divulgado dias atrás, sob o título Mapa da Violência: Homicídios e Juventude no Brasil, 2014. Na prática, é jovem quem tem entre 15 e 29 anos.
O diagnóstico do Mapa da Violência é estarrecedor:
“(…) os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens de 15 a 29 anos no Brasil e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos.
Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade dos 52.198 mortos por homicídios em 2011 no Brasil eram jovens (27.471, equivalente a 52,63%), dos quais 71,44% negros (pretos e pardos) e 93,03% do sexo masculino.
Por essa razão, os homicídios de jovens representam uma questão nacional de saúde pública, além de grave violação aos direitos humanos, refletindo-se no sofrimento silencioso e insuperável de milhares de mães, pais, irmãos e comunidades.
A violência impede que parte significativa dos jovens brasileiros usufrua dos avanços sociais e econômicos alcançados na última década e revela um inesgotável potencial de talentos perdidos para o desenvolvimento do país.
O problema também revela uma experiência negativa que já marca toda uma geração de jovens brasileiros: pesquisa recente da Secretaria Nacional de Juventude aponta que 51% dos jovens ouvidos, em todos os Estados, em cidades de pequeno, médio e grande porte, e em todos os estratos sociais, já perderam uma pessoa próxima de forma violenta.”