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Docentes de quatro campi da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) no Rio Grande do Sul pararam as atividades nesta terça-feira (1), o que pode fazer com que 10 mil alunos fiquem sem aulas. A decisão de cruzar os braços foi tomada em assembleia nessa segunda-feira devido à falta de pagamento de salários.

“A paralisação de 24 horas tem como objetivo melhorar a estrutura da universidade”, justificou o diretor do Sinpro/RS (Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul) Marcos Fuhr. Segundo ele, o sindicato obteve na Justiça do Trabalho de Canoas – na região metropolitana de Porto Alegre – a antecipação de tutela em ação coletiva de cobrança dos salários pendentes, mas os professores ainda não receberam 41% do soldo de agosto, diferenças salariais e multas.

O objetivo do sindicato é que 750 docentes paralisem nos campi de Cachoeira do Sul, Canoas, Carazinho e Santa Maria. Pela manhã, o Colégio Cristo Redentor, maior instituição de educação básica a Ulbra, não teve aulas. A maior paralisação deve ser sentida à noite, turno no qual se concentra a grande maioria das aulas da instituição.

Segundo o diretor da universidade, Marcos Ziemer, os atrasos de pagamentos foram causados pela série de bloqueios judiciais em função de dívidas feitas na última década, especialmente nas áreas trabalhista e cível. Em setembro, 30% das receitas da Ulbra foram bloqueadas pela Justiça. A questão dos pagamentos aos docentes, porém, deve ser normalizada ainda nomeio desta semana.

A universidade informa aos alunos que se dirijam normalmente às aulas nesta terça-feira, onde professores estarão presentes para esclarecer a questão.  

Investigação

A Universidade passou nos últimos anos por uma série de investigações e suspeitas de má gestão. Em dezembro de 2009, a PF (Polícia Federal) e a Receita Federal deflagraram a Operação Kollektor, que investigou um esquema de desvio de dinheiro de mais de 63 milhões de reais da Ulbra. Foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão em seis cidades gaúchas.

Segundo a PF, o grupo usava empresas fantasmas do setor de consultoria para desviar recursos da instituição. As empresas recebiam valores altíssimos por serviços que não eram prestados à Ulbra.

A investigação apontou que em uma única oportunidade 2,2 milhões de reais foram sacados em espécie da agência do Banco do Brasil que fica dentro da universidade.

Em um dos desvios, a administração da prefeitura de Canoas na época fez, segundo a PF, um “adiantamento inexplicável” à instituição de cerca de 8 milhões de reais. O saque também foi feito em espécie na mesma agência da Ulbra.

A operação ainda investigou suspeitas de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e valores, peculato, desvios de verbas do Prouni (Programa Universidade para Todos), fraude à execução, crimes tributários e previdenciários, formação de quadrilha, entre outros.

Em maio de 2010, o ex-reitor da Ulbra no RS Ruben Becker foi indiciado pela PF por causa de suspeita de crimes de estelionato, fraude à execução, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O ex-reitor foi o 11º indiciado no inquérito da Operação Kollektor.

Já em setembro de 2011, o MEC (Ministério da Educação) descredenciou 198 polos de apoio presencial dos cursos a distância da Ulbra.

O pedido de descredenciamento havia sido feito pela universidade como parte de uma série de medidas para adequar a instituição aos padrões exigidos pelo MEC. De acordo com a assessoria da instituição, os polos descredenciados não eram viáveis economicamente e estavam com a estrutura defasada.

Desde 2009, a Ulbra enfrentava uma crise financeira e administrativa que levou a troca de comando da instituição. O MEC acompanhou a situação e firmou, ao longo desse período, termos de saneamento para corrigir as falhas.