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Entre janeiro e julho foram 816 casos na cidade do interior de SP.Em 90% dos registros, o agressor havia consumido bebidas alcoólicas.

Entre os meses de janeiro e julho de 2012, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Itapetininga (SP) registrou 816 casos de agressão contra mulheres na cidade. Deste total, 261 viraram inquérito policial.

O mês com maior índice de denúncia foi março com 132 boletins de ocorrência. Destes, 44 foram transformados em inquérito. Já o mês com maior volume de inquéritos instaurados foi junho, com 70 processos abertos.

Segundo a delegada da DDM, Leila Tardelli, a maioria das agressões foi cometida por marido, namorado ou ex-companheiro da vítima. Pesquisas apontam que eles respondem por mais de 80% dos casos. Outro dado que chama a atenção das autoridades é que em 90% dos casos os agressores tinham ingerido bebidas alcoólicas.

Leila Tardelli ressalta que existem variações de violência doméstica. Ela destaca duas delas: a física e a verbal. “A agressão verbal, por exemplo, pode ser caracterizada como uma injúria, difamação e calúnia. Ela também tem os seus danos psicológicos, por isso, é considerada violência doméstica”, afirma.

As vítimas de agressão confirmam que nem sempre a agressão deixa marcas aparentes. Uma moradora da cidade, que prefere não ter o nome revelado, conta que viveu momentos de terror ao ser ameaçada pelo ex-marido. Segundo ela, foram nove anos de casamento até que depois de uma discussão foi feita refém. “Ele tomou quatro cervejas e duas pingas. Quando chegou em casa começou a discutir por um assunto bobo. Ele então pegou um revólver e colocou dentro da minha boca engatinhado e fazendo ameaças. Depois, retirou a arma e disparou ao meu lado, atingindo o chão”, relembra.

A vítima afirma que a agressão foi traumática e atualmente vive em estado de pânico. O homem foi denunciado ao Ministério Público e irá responder por violência doméstica e disparo de arma de fogo. Para a vítima, o desejo de que o agressor seja capaz de compreender a gravidade do ato. “Quero que ele pense sobre o que fez comigo, sobre o meu sentimento e minha dor”, ressalta.

Levantamento de um instituto especializado em pesquisas científicas traçou um mapa da violência no Brasil, que aponta que só na última década, 43,5 mil mulheres foram assassinadas. A pesquisa aponta ainda que duas em cada três pessoas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vítimas de violência doméstica ou sexual, são do sexo feminino. Uma em cada cinco mulheres afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência de algum homem.

A delegada explica também que toda mulher violentada física ou moralmente, deve ter coragem para denunciar. Com isso, ela se protege contra futuras agressões e serve como exemplo para outras vítimas.