Crianças e adolescentes de 0 a 19 anos que residem em Franca são menos suscetíveis a casos de violência física que as que vivem nas demais 24 maiores cidades do Estado de São Paulo. A informação parte de uma pesquisa realizada pelo Cebela (Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos) e pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), publicada na última quarta-feira. Intitulado Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes, o estudo calcula taxas dos municípios do país com com população de mais de 20 mil crianças e adolescentes, com base no Censo 2010, e estabelece os índices de violência na proporção a cada 100 mil habitantes.
A reportagem do Comércio listou as 25 maiores cidades do Estado e comparou as taxas das categorias Atendimentos pelo SUS por Violência Física e Atendimentos pelo SUS por Violência Sexual. Os dados são do ano de 2011 e fazem parte do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).
Em relação à violência física, Franca foi a 25ª colocada no ranking, ou seja, é a primeira cidade da lista com a menor taxa de atendimentos, sendo 1 a cada 100 mil habitantes. O município também foi o segundo com menor taxa de violência sexual, com 3,1 atendimentos a cada 100 mil habitantes, ficando atrás somente da cidade de São Paulo, que apresenta taxa de 0,6 (veja mais em quadro nesta página).
A delegada Christina Bueno de Oliveira, responsável pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), que também atende casos relacionados a crianças e adolescentes, confirma que o número é baixo. “Quando há ocorrência de atendimento por violência nos hospitais, a delegacia vai até o local e registra o boletim de ocorrência.” Mas, a delegada diz que deve-se comemorar em partes o resultado do estudo. “O atendimento precisa ser mais efetivo. Nem sempre a criança ou o adolescente que sofre violência tem autonomia para vir até a delegacia registrar uma queixa, por exemplo. A população deve estar alerta para auxiliar nesses casos e o poder público precisa sempre implantar políticas de orientação. Se não houver um trabalho contínuo, esse número pode aumentar.”
O Conselho Tutelar de Franca também concorda com os resultados do Mapa. De acordo com o conselheiro Hilton Pimenta, consta das estatísticas de atendimentos do Conselho que o menor número de casos levados ao órgão são os de violência e trabalho infantil.
Para a doutora em sociologia e professora da Unifran Andrea Vettorassi, é preciso considerar que muitos casos não são denunciados, tampouco levados para que a criança ou o adolescente tenham assistência médica. “A violência física e sexual contra crianças e adolescentes muitas vezes não é denunciada porque acontece dentro da base familiar, e é erroneamente vista como parte das relações privadas existentes entre familiares. Ou seja, existem casos que acontecem sem que sejam conhecidos pelas instituições de saúde. Ainda assim, Franca deve comemorar os baixos índices, pois a falta de procura de um atendimento médico não é exclusividade de algumas cidades, ou seja, os índices são realmente baixos.”
OUTRAS CATEGORIAS
Nas demais categorias do Mapa da Violência 2012, foram listadas as 100 cidades do país com maior taxa de mortalidade por acidentes de trânsito, suicídios, homicídios e mortalidade por outros acidentes – quedas, afogamentos, eletricidade, fogo, entre outros. Franca não figurou em nenhuma delas.
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