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Por Marina Baldoni Amaral

Um artigo que revisita pesquisa feita com jovens em favelas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) recém implantadas acaba de ser lançado na publicação Dilemas – Revista de Estudos de Conflito e Controle Social.

Juventudes, violências e o Estado: Jovens em territórios com o programa Unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro, realizado por Miriam Abramovay, coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Flacso Brasil, e Mary Garcia Castro, professora da Universidade Católica do Salvador (Ucsal), discute a difícil relação da “juventude pobre, negra – estigmatizada por uma série de preconceitos da sociedade – com o Estado, considerando que o programa das UPPs chega a ela por um aparato de segurança pública historicamente repressivo: a polícia”. As autoras defendem que é preciso “conhecer e compreender a partir dos jovens, seu verbo e práticas, saindo-se de codificações sociais, para ver além das violências e ‘ilegalidades’ a eles atribuídas”.

Os dados apontam que os jovens, perguntados sobre “a abordagem policial nas comunidades antes da implantação das UPPs e após”, indicam que atualmente há uma proporção maior daqueles que já foram abordados pela polícia (42%) do que antes da chegada das UPPs (33%). Sobre o tipo de abordagem, as mudanças não puderam ser observadas. Os dados indicam um aumento na proporção dos que declaram que foram abordados de forma respeitosa (antes, 14%; depois 20%), mas há também um aumento dos que hoje consideram que estão sendo abordados de forma desrespeitosa (de 16% antes das UPPs, para 20% atualmente).

“Ainda que se reconheça que de fato houve uma drástica diminuição das estatísticas de crimes vinculados ao tráfico de drogas nas áreas em que as UPPs foram implantadas, a controvérsia maior é sobre a relação da polícia com a população favelada, em particular os jovens e seu sentido de ocupação – termo usado por muitos nas comunidades, assim como o descompromisso com alterações no campo social, já que estavam previstos outros equipamentos além de batalhões nas favelas, o que não se realizou”, diz o artigo.

A revista Dilemas, do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (Necvu) do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) do IFCS/UFRJ, é dedicada a promover o desenvolvimento científico e o debate de ideias nos temas da área de estudos dos conflitos e do controle social em ciências sociais, como: comportamentos desviantes, violências, crime, moralidade, conflitos envolvendo movimentos sociais e ação coletiva, conflitos urbanos, justiça criminal, segurança pública, instituições públicas e privadas de controle social.

Confira aqui o artigo completo.