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Estudo feito a pedido da Secretaria de Assistência Social vai orientar políticas públicas

Livres do poderio armado de criminosos, jovens de áreas pacificadas reafirmam o desejo de permanecer nas comunidades e sonham com um futuro melhor, principalmente no que diz respeito à educação e trabalho. É o que revelam os resultados preliminares de um estudo realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, em parceria com o Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Encomendada pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, a pesquisa reúne respostas de 700 jovens, entre 15 e 29 anos, de sete comunidades onde foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs): Providência, São João, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Turano, Andaraí, Macacos e Batam. Após a pacificação, 70% dos jovens afirmam que querem continuar em suas comunidades.

Embora apenas 19% tenham concluído o Ensino Médio, ao serem perguntados sobre planos para o futuro, 39% revelaram o desejo de fazer vestibular e cursar uma universidade e 29% de fazer um curso profissionalizante. Os cursos são apontados por 10% dos moradores como melhorias necessárias a serem realizadas pelo Estado nessas áreas.

O estudo faz parte de uma parceria entre o Governo do Estado e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para traçar programas específicos para a juventude de áreas carentes. Entre eles, está a criação de uma bolsa-poupança para manter jovens nas salas de aula.

– Esse programa vai possibilitar a ampliação de oportunidades para a atenção integral à juventude em três áreas: qualificação, esporte e cultura. O Estado já tem iniciativas neste sentido e que serão potencializadas, como o programa Rio 2016, voltado para o esporte; o programa de editais culturais, incluindo o funk como manifestação cultural, e bibliotecas-parque; e um programa de qualificação profissional com os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs).

Também teremos investimentos em Educação. Vamos implantar o Renda Melhor Jovem em áreas pacificadas e não pacificadas, para incentivar os jovens das famílias extremamente pobres, inscritos no programa Família Carioca da Prefeitura do Rio, para que concluam o Ensino Médio. Eles receberão ao fim dos estudos uma poupança de até R$ 3.100 – explicou o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves.

Esse tipo de iniciativa deve reduzir problemas detectados na pesquisa, como evasão escolar e dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Dos jovens entrevistados, 55% interromperam os estudos. Destes, 41% revelaram que o motivo foi a necessidade de trabalhar. Quarenta e quatro por cento relataram dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Dos jovens que trabalham, atualmente, apenas 26% têm carteira assinada.

Dados serão reunidos em livro

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Miriam Abramovay, a análise dos dados coletados deve ser concluída em janeiro e, até o fim de março, deve ser lançado um livro com o estudo completo. A professora elogiou a iniciativa e ressaltou a importância do estudo para direcionar as ações de governo.

– Não é possível fazer políticas públicas sem diagnóstico. Acho que a secretaria e o BID foram visionários neste sentido. A partir dos dados e da palavra desses jovens será possível orientar essas políticas para que atendam aos anseios das comunidades – afirmou a professora Miriam Abramovay.

O secretário Rodrigo Neves ressalta que um dos principais projetos voltados para a juventude nessas áreas é o Programa Tutor, que vai acompanhar jovens que já têm passagem pela polícia, além de egressos do sistema penitenciário e socioeducativo.

– O programa tem como objetivo acompanhar e apoiar a reconstrução da trajetória desses jovens com um sistema de acompanhamento individualizado. A expectativa é, até 2014, acompanhar quatro mil jovens no sistema de tutoria, e 36 mil jovens no sistema de aconselhamento – disse o secretário.

O Governo do Estado pretende ainda implantar em cada comunidade pacificada um Centro de Referência da Juventude – nos moldes dos que já existem na Cidade de Deus, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo e Complexo do Alemão – para que os jovens tenham um espaço de acolhimento e debate sobre suas demandas.

Oferecendo oportunidades de educação e capacitação à juventude, o Estado pretende ainda combater a pobreza e o desemprego, apontados pelos jovens como os principais problemas das comunidades, com 24% e 10%, respectivamente.