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Mensagens transfóbicas escritas e desenhadas em banheiros femininos no campus da Unicamp, no distrito de Barão Geraldo, provocaram indignação de estudantes da universidade. O Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Campinas (CR LGBT) de Campinas aguarda a formalização de denúncias para tomar providências e planeja discutir o assunto com representantes da instituição de ensino.

“Estamos em contato com uma vítima, embora a mensagem talvez seja direcionada a um grupo. Orientamos que ela venha até aqui para explicar o que ocorreu, registre boletim de ocorrência e também acione o Disque 100 [Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos]”, explicou a coordenadora do centro de referência, a assistente social Valdirene Santos.

Frases
Entre as frases agressivas estão “Ser mulher não é calçar nossos sapatos”, “Não deixe que os machos invadam seus espaços” e “Vamos cortar a sua transfobia”. Elas foram feitas nos institutos de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e Ciclo Básico II. “Surpreende e causa desconforto ver uma mensagem preconceituosa dentro da universidade”, contou a estudante de mestrado em divulgação científica Carol Gama, que registrou imagens das mensagens.

“O feminismo é muito plural e uma parte não aceita as transexuais e travestis. Eu acredito no movimento construído junto, que as experiências podem agregar bastante, mas existe esta divisão”,  defendeu a mestranda em antropologia Vanessa Sander.

Repúdio
A estudante Beatriz Pagliarini Bagagli, de letras, disse que ficou surpresa ao encontrar a manifestação nas dependências da universidade. “Muitas dessas hostilizações radicais acontecem na internet”, explicou. Transexual, ela afirmou que planeja se reunir com um grupo de amigas que se sentiram ofendidas para elaborar uma carta de repudio e entregá-la para a reitoria da Unicamp. “Eu não espero punição individual de quem fez a pichação. Acho muito mais relevante dar visibilidade ao tema e avançar no debate da questão trans”, frisou. Na terça-feira, ela participou de um protesto contra a discriminação que reuniu aproximadamente 100 estudantes na área do bandejão da Unicamp.

Universidade
A assessoria de imprensa da Unicamp informou, em nota, que repudia toda manifestação ou ato que implique em discriminação de qualquer natureza. Além disso, mencionou que desde 2012 a instituição oferece aos estudantes matriculados a opção de nome social – adotado por seis deles neste período. “O nome social constará nos documentos de uso no âmbito interno da universidade, acompanhado do sobrenome escrito no registro civil. No caso de documentos oficiais de uso externo ao âmbito da universidade, o prenome anotado no Registro Civil será acompanhado do prenome escolhido, mediante opção”, diz o texto.