SÃO PAULO – Apesar das ameaças de greve, o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, descartou nesta terça-feira, 20, dar qualquer reajuste salarial aos professores e funcionários ainda no primeiro semestre de 2014. Segundo ele, só há possibilidade de rever o congelamento de remunerações dentro de seis meses.
A medida foi determinada na semana passada pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), órgão formado também pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). As três instituições optaram pelo reajuste, mas foi a situação da USP, com 104% das receitas comprometidas com a folha de pagamento, que mais pesou na decisão de reajuste zero.
Na manha desta quarta-feira, 21, o Cruesp volta a se reunir para discutir o assunto. Entidades sindicais de professores e funcionários das três universidades prometem um dia de atos e paralisações. Após o encontro dos reitores, as categorias planejam assembleia à tarde para debater a possibilidade de greve.
“Acho justo cobrir a perda de inflação e entendo que tenham (as categorias de docentes e servidores) feito pressão’, afirmou Zago após reunião do Conselho Universitário, órgão máximo da USP. “Mas, do meu ponto de vista, a Universidade de São Paulo não pode dar reajuste salarial. Não há recursos”, declarou.
De acordo com o reitor, as reservas da USP, hoje de cerca de 2,3 bilhões de reais, não podem ser usadas para elevar as remunerações. “Se não fossem elas (as reservas), estaríamos inadimplentes”, alertou.
Durante a reunião do Conselho, representantes dos funcionários e dos alunos se queixaram dos cortes e da política de “arrocho salarial”. Zago, no entanto, afirmou que a medida teve amplo apoio entre os diretores de unidades, que também compõem o órgão. “Como considero esse pleito justo, podemos rever essa posição daqui a seis meses, se a situação orçamentária tiver melhorado”, garante Zago.
Cobrança. O reitor ainda reconheceu que o debate e a possibilidade de cobrança de mensalidades na USP voltaram à tona com a crise financeira. “Há uma corrente de professores que pensa nesse sentido”.
Ele não acredita, porém, que a proposta seja levada à frente neste momento. “É polêmico porque, entre os estudantes da USP, certamente há muitos de famílias que poderiam contribuir, como ocorre no exterior”, disse. “Mas não me sinto à vontade de trazer essa discussão porque há outras que precisamos resolver com mais urgência”, completou.
“Isso terá que ser discutido na pauta de revisão da universidade”, afirmou ele. Desde o começo do ano foram formados grupos de trabalho para debater a reforma do Estatuto da USP. Segundo Zago, entretanto, a sinalização é de que a comunidade universitária é contraria à cobrança. “Sinto que a noção predominante é de não caminhar para propostas de ensino pago”, disse.
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