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Apenas em janeiro de 2014, 102 mil universitários contrataram o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Desde 2010, o número é de 1,2 milhão, de acordo com estimativa do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp).

O total de contratos em janeiro deste ano já é mais do que no ano inteiro de 2010, quando o número foi de 76 mil. Foi em 2010 que as novas regras do fundo começaram a valer: os juros caíram, a carência para início do pagamento após o término do curso cresceu e em alguns casos o fiador não é mais necessário. Com isso tudo, a previsão é o número de contratos continue a crescer. 

É que, além de o financiamento atrair novos alunos, ele traz segurança. Com o Fies, a universidade recebe os repasses diretamente do governo federal e não corre o risco da inadimplência.

“A instituição passa a ter um universitário que ela não teria ou teria de uma forma mais difícil, com bolsas ou descontos”, explica Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.

À medida em que os contratos sobem, a inadimplência cai. “Mais do que a queda, a inadimplência no setor cai em um momento em que a inadimplência geral apresentou aumento. Isso reflete bem como o Fies se tornou uma grande oportunidade para as universidades.”

Tanto que foi pela própria universidade que o aluno Gabriel Machado Pinheiro de Souza, de 26 anos, soube do programa de financiamento do governo. Ele, que sempre quis fazer faculdade, teve de adiar o sonho até ser efetivado em um trabalho e tivesse um mínimo de segurança financeira.

Se formou em um curso técnico e, no fim do ano passado, conseguiu um emprego registrado como técnico de segurança do trabalho. Conquistado o emprego, resolveu realizar o sonho: matriculou-se em Engenharia Civil na Anhanguera. Mas não precisará pagar pelo curso durante os anos da graduação.

“Moro próximo a uma unidade e lá me informaram sobre o Fies. Tenho restrição no meu nome, mas disseram que não me atrapalharia”, conta. Com orientação dos funcionários da universidade, Gabriel se inscreveu no programa, apresentou a documentação e foi aprovado. As aulas começaram nesta segunda. 

A história de Gabriel é uma de milhões. Capelato explica que a possibilidade do financiamento faz com que os jovens, já interessados em fazer um curso superior, procurem mais as instituições. O grande público é a classe C.

“A classe C era excluída porque muito não tinha condição de pagar uma faculdade particular, não conseguia ser aprovada em uma pública e também não se enquadrava para uma bolsa como a do ProUni, que atinge principalmente a classe D e E”, explica.

Segundo o Semesp, o perfil dos estudantes que contratam o Fies é o seguinte: 82% tem renda familiar de até 5 salários mínimos; 78% tem renda de 1,5 salário mínimo per capita; 75% vem de escola pública; 63% tem entre 18 e 24 anos, 59% são mulheres e 50% são brancos.

Os cursos mais financiados por esses alunos são: Engenharias (222 mil), Direito (196 mil), Administração (106 mil) e Enfermagem (98 mil).