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Esqueça as salas de aula com alunos enfileirados em frente a um professor expondo conteúdos. Na tentativa de preparar os estudantes do ensino superior para o mercado de trabalho, os espaços para aprendizado estão mudando em universidades do Vale do Paraíba.

A metodologia é baseada em modelos desenvolvidos em universidades que figuram entre as melhores do mundo, a Harvard e a Massachusetts Institut of Technology (MIT), ambas nos Estados Unidos, e até o fim do ano deve ser aplicada em cinco universidades da região. 

A diferença no ensino começa na disposição das salas, onde os alunos são agrupados em círculos e o professor fica no centro, podendo percorrer toda a classe e interagir com os estudantes. Lousas digitais e recursos tecnológicos como notebooks e tablets também ficam à disposição dos universitários. 

O modelo, chamado de sala de aula invertida, já é realidade na Universidade de São Paulo (USP) e Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), ambas em Lorena. Também deve começar a ser aplicado ainda neste ano na Universidade Salesiana (Unisal), também em Lorena, e nas unidades das Faculdades de Tecnologia (Fatec) de Guaratinguetá e Cruzeiro.

“Isso vem de um questionamento que fazemos há alguns anos sobre o papel do professor e os métodos de ensino. O método atual tem deixado muito a desejar e com o novo módulo, os alunos são provocados a responder questões e aplicar projetos na prática. A parte mais nobre disso é o foco no aluno”, afirmou Messias Borges Silva, professor nos polos da USP e Unesp e associado à Harvard.

Na USP, o método começou a ser aplicado em 2012 e cerca de 30 professores estão sendo capacitados. De acordo com Silva, o campus já conta com salas adaptadas e até o final do ano serão investidos R$ 500 mil para criação de novos espaços, que contarão com televisores de alta resolução nas paredes e notebooks para cada dois alunos.

Outras universidades
As salas de aulas invertidas também devem mudar o perfil de ensino da Unisal e Fatecs de Guará e Cruzeiro, por meio de um consórcio internacional gerenciado pela Laspau-Harvard – responsável por consórcios de ensino em diversos países. O objetivo é que cerca de 300 professores de nove universidades brasileiras sejam capacitados nos próximos três anos por meio de profissionais estrangeiros.

De acordo com Fábio Reis, diretor da Unisal e um dos responsáveis pelo consórcio, o novo método vai de encontro com o atual cenário do mercado de trabalho. “Nós acreditamos muito que vamos contribuir para o sistema de ensino. A sociedade exige diálogo para o mundo real e longo das aulas, o professor vai provocando questões e motiva os alunos em pares a chegar as respostas corretas. O aproveitamento chega a 95% com esse modelo”, afirma Reis. 

Na Faculdade de Tecnologia de Cruzeiro, o objetivo é que todas as salas de aula passem por readequações em uma nova unidade que deve ser inaugurada no segundo semestre. “Essa mudança de estágio de ensino é uma situação de urgência. Acho muito importante a aproximação da parceria público-privada, abraçando duas realidades para mudar o sistema de ensino”, afirmou a diretora Hirene Heringer.

Consórcio
O consórcio pela Laspau será lançado a na próxima quarta-feira (19) durante um evento emLorena. A partir de maio, o primeiro grupo de professores receberá capacitação sobre o novo método de ensino e depois deverá repassar para outros docentes. A formação terá como foco professores das áreas de Tecnologia e Humanidades.

“Cada professor tem o compromisso de multiplicar o aprendizado para no mínimo cinco e no máximo dez profissionais em um processo muito sério de acompanhamento e de apresentação de resultados”, explicou Reis.

O investimento na capcitação dos professores para o primeiro ano é de aproximadamente R$ 360. Os gastos serão divididos em cotas pelas universidade participantes, por meio de recursos próprios e financiamentos por meio de verbas públicas.