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O número de fusões de empresas de educação cresceu 20% entre 2012 e 2013, de acordo com um levantamento feito pela consultoria KPMG a pedido do site de VEJA. No ano passado, foram 24 transações na área, contra 19 registradas no ano anterior. A maioria – 13 das operações – envolveram instituições que atuam no ensino superior. Desde 2008, a média é de 26 operações por ano.

Uma das fusões mais esperadas deve ser confirmada na próxima semana, quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgará parecer sobre a transação entre a Kroton e a Ananhanguera. Há dez meses, as duas instituições assinaram um contrato para formar o maior conglomerado educacional do país. A expectativa do setor é que o Cade aprove a fusão, o que permitirá a formação de um grupo com faturamento anual de 13 bilhões de reais.

Para Luiz Motta, sócio da KPMG, a tendência é que as fusões prossigam nos próximos anos, e não apenas no ensino superior. Colégios, escolas de idiomas e programas de ensino a distância devem protagonizar essas operações. “O sucesso das transações no ensino superior privado começou a se replicar em outros segmentos e está abrindo um leque para investidores. O cenário é promissor: à medida que a população tem mais renda, procura melhor formação e, portanto, educação.”

A demanda se concentra nas classes C e D, acrescenta Alexandre Pierantoni, sócio da consultoria Pwc Brasil, que divulga anualmente um relatório de fusões no país. “O governo não vai conseguir suprir toda a procura por ensino nos próximos anos. A rede particular tem condições de chegar antes, oferecendo o serviço mais rápido e com mais qualidade”, diz Pierantoni. “Uma vez que existe uma demanda represada, o setor de educação apresenta baixo risco, favorável ao investimento, portanto.”

O segmento de escolas de idiomas, por exemplo, não registrou fusões entre 2008 e 2009, mas desde 2010 acumula uma média de três operações anuais, segundo o levantamento da KPMG. Uma delas envolveu a empresa Pearson, que no ano passado adquiriu por 1,95 bilhão de reais o controle do grupo Grupo Multi, especializado em cursos de idiomas e profissionalizantes.

Do ponto de vista educacional, as fusões trazem pontos positivos e negativos, na opinião de Rodrigo Capelato, diretor-executivo do (Semesp) Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo. “Essas operações evitam que instituições com dificuldades financeiras fechem as portas, além de elevar a capacidade delas de investir. As uniões também reduzem gastos, o que pode possibilitar queda no preço da mensalidades para os estudantes.”

Por outro lado, as fusões podem, segundo Capelato, forçar uma padronização excessiva nas grades curriculares de diferentes instituições. “Se antes existiam cursos com focos específicos oferecidos por diferentes instituições, a tendência é que, após a fusão, esses mesmos cursos adotem uma única linha pedagócia, já que estão agora sob controle de uma única instiutição.”

Capelato acredita que, apesar do grande número de fusões dos últimos anos, ainda há espaço para novas operações no futuro. “No Brasil, o ensino privado é muito pulverizado, principalmente nas cidades menores. Com a fusão da Kroton com a Anhanguera, por exemplo, 15% do mercado ficará nas mãos do novo grupo controlador. É uma cifra bastante relevante, mas que mostra ao mesmo tempo que ainda há oportunidade para novas transações.”