Rio – Sem receber desde setembro do ano passado e agora desempregados, cerca de 1.500 professores da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (Univercidade) – descredenciados pelo Ministério da Educação na semana passada por causa da grave crise financeira de sua entidade mantenedora, a Galileo Educacional – aguardam com apreensão o resultado da seleção das instituições que irão absorver cerca de 17 mil alunos de 58 cursos, já para o início do ano letivo, depois do carnaval.
Publicados na quinta-feira (23), os editais do processo de transferência assistida dos estudantes prevêem pontuação para as instituições que se comprometerem a receber também o corpo docente. Serão privilegiadas as que oferecerem mensalidades de valores compatíveis com os que os alunos pagavam, as que aproveitem créditos já cumpridos, sejam próximas aos antigos campi e mantenham bolsas de estudo e datas previstas para a formatura.
“É um desastre: o MEC está fazendo a transferência assistida e depois vai lavar as mãos. Nem todos serão atendidos, e os professores seguem sem uma solução. A gente continua tentando reverter a situação por meio de uma intervenção judicial”, disse nesta sexta-feira, 24, Sidnei Amaral, presidente da Associação Docente da Univercidade.
Professores e alunos que vêm protestando contra o descredenciamento acusam o MEC de ter demorado a intervir no imbróglio envolvendo a Galileo, cujas dívidas somam R$ 900 milhões – crítica rebatida pelo secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Jorge Messias.
“O MEC agiu de forma muito antecipada e eficiente: no fim de 2012 instaurou processo de supervisão, em março de 2013 suspendeu a autonomia das duas instituições e pediu amplo processo de reestruturação”, afirmou. “O papel do MEC é salvar as instituições. Estamos falando de pesquisa, de uma instituição de quase 80 anos (a Gama Filho)”.
Ele disse também que o processo de descredenciamento é irreversível e que a possibilidade de federalização das duas universidades, pedida por alunos e professores e proposta por reitores de universidades federais do Rio, é nula. Messias lembrou que o processo de transferência tem participação de oito representantes dos estudantes. “Eles estão satisfeitos. Não vamos deixar nenhum para trás.”
Na segunda-feira (27) ele se reúne com representantes de universidades particulares do Rio para esmiuçar as regras dos editais. Cinquenta e duas sinalizaram algum interesse. As vencedoras receberão o histórico acadêmico dos estudantes. A intenção do MEC é analisar as propostas em fevereiro e firmar termos de compromisso em março.
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