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O adolescente Igor Augusto Braga, de 14 anos, está no oitavo ano do Ensino Fundamental. Como muitos garotos na idade dele, o menino gosta de esportes, curtir com os amigos e ainda não tem muitas preocupações sobre o futuro. Porém, Igor já está aprendendo a cuidar das próprias finanças e recebendo uma educação voltada para o mercado de trabalho.

Igor estuda na Escola Estadual Elias Salomão, em Mateus Leme, na Grande BH, onde os professores desenvolveram um projeto para ajudar na formação dos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio. Até a próxima segunda-feira (28), a instituição lançará um site para controle do Elits, como foi nomeado. Boa parte dos 1.200 alunos que estudam lá aderiram à proposta.

A ideia surgiu em setembro deste ano, a partir de uma conversa entre os educadores, informalmente, e se tranformou em uma importante forma de fazer os alunos seguirem as regras da instituição, além de fornecer conceitos de economia úteis para o resto da vida. “Eu me considero um menino ainda, mas com o projeto estou me transformando em um homem com mais responsabilidade”, garante o adolescente.

A professora de Educação Física e coordenadora do projeto, Eliete Oliveira, explica que o intuito, inicialmente, era criar um método para incentivar os estudantes a serem mais responsáveis em suas atividades, bem como ter alguma ação na semana do Dia das Crianças. Eles decidiram, então, criar a moeda.

“No dia a dia, os professores e funcionários preenchem um fomulário. Se o aluno faz todos os deveres de casa na semana, por exemplo, recebe 300 Elits. Se não fizer, perde 50”, exemplifica. Também são avaliadas questões comportamentais na escola, uso de celular, uniforme, respeito com os colegas e professores, além da pontualidade.

Premiação tem impacto positivo

Em parceria com o comércio local, a escola tem arrecadado produtos que serão trocados pelas moedas. Quem mantiver um bom rendimento, poderá conseguir prêmios no final do ano. “Eu estou combinando com meus colegas para juntarmos o dinheiro e pretendo ir para um clube jogar futebol e nadar”, comenta o garoto Igor.

Segundo psicopedagogo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luiz Carlos Couto, essa técnica utilizada pelos educadores pode ter um impacto positivo no comportamento dos participantes.

“Você pode perceber que a criança está sendo incentivada a desenvolver competências na área externa. Esse atrativo, no caso o prêmio, faz com que a pessoa atue em certa direção, como seguir normas para receber uma recompensa”, avalia.

Além dos brindes, a medida também contribui com a preparação dos adolescentes a vida profissional. Pequenos empreendedores da cidade se juntaram ao colégio para utilizar a pontuação dos estudantes no processo de contratação de jovens aprendizes.

“É uma forma de eles se prepararem para o mercado, aprenderem a tomar decisão, e, ao mesmo tempo, de a escola formar cidadãos melhores”, justifica a educadora. “As normas não estão só na instituição. Elas seguem a gente em todo lugar: em casa, no trabalho…”, complementa, na esperança de que os conhecimentos adquiridos extrapolem os muros do colégio.

Resultados

A ação já tem apresentado os primeiros resultados. “Desde que criaram o Elits meu rendimento melhorou muito”, afirma Igor, que não perdeu nenhuma moeda e está com 4.250. “Se eles fazem os deveres e participam mais da aula, consequentemente, vão aprender mais e ter um desempenho melhor”, acrescenta a professora Eliete.

Contudo, a coordenação espera ainda mais: que a iniciativa se torne uma ferramenta para ampliar a pontuação da escola nas avaliações dos governos. No último levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a instituição conseguiu a nota 3,2 em uma escala que vai de zero a dez.

 

 Escola pública da Grande BH cria moeda virtual para ajudar na formação dos estudantes