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O desembargador Cármine Antonio Savino Filho é o novo reitor da Universidade Gama Filho (UGF), onde, desde 15 de julho, um grupo de alunos ocupa as instalações da reitoria e professores e funcionários administrativos estão com os braços cruzados desde o dia 6 de agosto. A paralisação se estende desde a última sexta, 16, ao Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) — as duas instituições têm como mantenedora a Galileo Educacional. 

A posse de Cármine Antonio Savino Filho aconteceu ainda na sexta, 16, dia seguinte à exoneração de José Raymundo Romêo — desde fevereiro deste ano, o educador comandava da reitoria da UGF — e de José Leonardo Machado Demétrio de Souza, pró-reitor de Ciências Exatas e Tecnologia da UGF. Segundo Ronaldo Louro, integrante da Associação de Docentes da Gama Filho (Adgf), há informações extra-oficiais de que mantenedora pretenderia reduzir custos implementando em demissões em massa. Porém, observa o educador, ainda não houve nenhum comunicado formal.

“Até o momento, há apenas especulações. Somos aproximadamente 800 professores. Caso se confirmem os boatos de demissões de cerca de 500 profissionais, não haverá condições de a universidade continuar funcionando. Por isso, vamos procurar a reitoria para buscar informações”, explicou o dirigente sindical. 

A troca de Raymundo Romêo por Cármine Antonio Savino Filho, integrante do Conselho Administrativo da Galileo Educacional, não agradou os sindicalistas. “O professor Raymundo Romêo conseguiu, em sua gestão, retomar a autonomia universitária. Voltamos a ter reuniões dos conselhos superiores, o que é fundamental para o ambiente universitário. Com a presença de um membro do Conselho Administrativo da Galileo Educacional, nossa tímida autonomia fica ameaçada”, argumentou o membro da Adgf. 

Na página eletrônica da Gama Filho, um comunicado da Galileo Educacional informa que as aulas do segundo semestre de 2013 terão início do dia 2 de setembro, uma vez que o pagamento dos salários atrasados de junho seriam pagos em 12 de agosto. Contudo, segundo os docentes, os valores foram depositados somente no dia 15. 

“No início do ano fizemos um acordo. Recebemos 70% dos salários de janeiro e fevereiro e 80% dos salários de março e abril. A partir de julho, começaria a recomposição. E esses vencimentos de julho, que representariam quase o dobro do valor que costumamos receber, ainda não foram pagos”, explicou Ronaldo Louro. 

Nesta terça, 20, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai analisar o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Educação Superior que analisou a atuação da UGF, da UniverCidade e de várias outras instituições de ensino superior do Rio de Janeiro que não têm conseguido honrar compromissos com professores, funcionários e alunos. A votação está marcada para as 16h30.

Na quarta, 21, os docentes da UniverCidade farão uma assembleia geral a partir das 14h, na sede do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio), no Centro do Rio. Nesse mesmo dia, a partir das 16h, será a vez dos docentes da UGF analisarem os rumos de sua greve, o que ocorrerá a partir das 16h, na Gama Filho, em Piedade.

Suspensão dos cursos – Além da greve de professores e funcionários, tanto a UGF como a UniverCidade sofreram sanções do Ministério da Educação (MEC). No último dia 2, despacho publicado no Diário Oficial da União suspendeu, em ambas as instituições, os processos seletivos para admissão de novos alunos em vagas iniciais, ingresso de novos alunos por meio de transferência e também para os cursos de especialização latu sensu. Isso ocorreu para todos os cursos. 

De acordo com o MEC, as medidas cautelares serão mantidas até que seja comprovada a retomada dos ajustes financeiros trabalhistas firmados, bem como apresentação de garantias idôneas de disponibilidade financeira da entidade mantenedora, suficiente para cumprimento dos compromissos acordados com o corpo docente e administrativo das entidades mantidas. Em nota, a Associação dos Docentes da UGF apoiou as medidas do governo.

Com relação à crise nas instituições, o MEC informou, ainda, que tem acompanhado a situação com muita atenção, constituindo uma Comissão Permanente de Acompanhamento, que realiza visitas periódicas in loco. 

Foi instaurada, por iniciativa da Secretaria de Regulação e Supervisão (Seres/MEC), uma Comissão Paritária composta por representantes do MEC, dos reitores das instituições, de representantes da mantenedora, do Sinpro-Rio, das associações de docentes das duas instituições, da associação de pais, funcionários e alunos para a deliberação de alternativas com vistas à regularidade acadêmica da UGF e da UniverCidade.

No último dia 13, a Galileo Educacional não mandou representante à reunião da comissão de educação na Câmara dos Deputados que buscava uma solução para o impasse.