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Mobilidade do Enem é apontada como causa do fenômeno. Segundo o MEC, Ceará é o estado brasileiro que mais oferece vagas no Sisu

Cento e seis dos 336 alunos matriculados este ano no curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) são oriundos de outros estados. Isto representa 32% do total. A porcentagem foi divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) classifica o Estado como segundo no ranking de matrículas de alunos de outras Unidades da Federação. Entretanto, quando analisada a quantidade dos que permaneceram no curso, os números recuam para 265 ingressantes, sendo 175 cearenses e 90 de outros estados.

 

De acordo com o pró-reitor de Graduação da UFC, André Jales, durante a primeira semana de aula, os alunos precisam confirmar a matrícula e assinar um Termo de Compromisso. “Muitos não o fazem, porque acabam optando por cursos em outros estados. Por isso, o número real de ingressantes é diferente do divulgado pelo MEC”, explicou. Conforme dados da UFC, nos três campi (Fortaleza, Cariri e Sobral), existem alunos de 18 estados, a maioria (18) natural de Minas Gerais.

 

O Ceará é o estado que mais oferece vagas através do Sisu, que utiliza as notas de desempenho do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e registra o maior número de matriculados do País. Para a seleção deste ano, 14.608 alunos de todo o Brasil inscreveram-se em Medicina na UFC – apenas 3.311 eram cearenses.

 

“Era” Sisu

 

“Essa mobilidade sempre existiu. Aluno que quer fazer Medicina tenta em todo lugar. Na Era Sisu, o número de estudantes vindos de fora tem diminuído. Antes, eram 47%”, analisou o coordenador de Sisu da UFC, Miguel Frankling. A principal diferença entre o antigo vestibular tradicional e o Enem, conforme ele, são as condições financeiras dos estudantes. “Antes, só vinha quem podia pagar passagem, estadia e inscrição. Hoje, as oportunidades são mais iguais.”

 

A diferenciação quanto à qualidade da bagagem educacional dos alunos de diferentes estados é confirmada por Miguel e pode ser utilizada para que políticas públicas modifiquem o Ensino Médio brasileiro. “No próprio Ceará nós vemos essa desigualdade. Em Sergipe, por exemplo, 80% dos alunos são de fora. E a universidade nem aplica o Sisu. Isso serve de alerta, com certeza”, exemplificou.

 

Saiba mais

 

Os estados que apresentaram maior número de matriculados no curso de Medicina, em 2013, foram: Minas Gerais (279), São Paulo (255), Ceará (246), Rio de Janeiro (167) e Goiás (117).

 

Só 16 alunos cearenses foram matriculados em cursos fora do Estado: RS (1), RR (1), PI (6), PE (1), MT (1), AM (2) e AC (4).

 

Para Miguel Frankling, a mobilidade de alunos pelas universidades ainda está em consolidação e será modificada com a aplicação de 50% das vagas para a Lei das Cotas.