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Cerca de oitocentas famílias brasileiras, segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar, declaram hoje educar em casa. Em 2011, apenas quatrocentos pais afirmavam ter feito tal opção. O crescimento, no entanto, pode ser explicado por cada vez mais pessoas “saírem do armário” e expressarem abertamente a escolha.

Por se tratar de uma opção educativa polêmica na lei brasileira, muitos pais preferem o anonimato. Seis famílias já foram processadas e uma foi condenada por essa prática, visto que a Lei de Diretrizes e Bases e o Estatuto da Criança e do Adolescente obrigam os pais  a matricular seus filhos na escola. O Superior Tribunal de Justiça (SNJ) vê como inconstitucional a prática.

Luciane Barbosa, doutoranda em Educação na USP, diz que os pais tem razão nas críticas ao ambiente escolar, pois tudo teria mudado na sociedade nos últimos anos, menos a escola. Mas ainda assim afirma que “a escola é uma referência para a infância no Brasil e esses questionamentos poderiam ser usados para mudar a instituição”.

Pesquisa feita pelo sociólogo André de Holanda, com 62 famílias que educam em casa, revela que 60% fazem a escolha por motivo religioso e 75% acham que a socialização escolar é prejudicial.

Modelo americano

O conceito de “homeschooling” (educação em casa) é muito mais popular nos Estados Unidos. Tradicionalmente associado com grupos religiosos, o modelo cresceu e hoje 2 milhões de crianças não frequentam a escola no país. Os pais interessados devem se inscrever no departamento de “homeschooling” da Secretaria de Educação do país e os filhos serão submetidos a provas trimestrais, além de receberem sugestões de leitura e materiais.