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Pesquisa da USP revela desinteresse de universitários pelo magistério.
Para educadora da UFSCar, é necessário melhorar condições de trabalho.

A falta de professores de matemática, física e química na rede pública deixa os alunos em desvantagem em relação aos que têm acesso ao ensino privado, alerta a professora Alessandra Arce, do departamento de educação da Universidade Federal de São Carlos(UFSCar). Levantamento feito pelo Ministério da Educação (MEC) em 2012 revela que há um déficit de aproximadamente 171 mil docentes nessas áreas em todo o país. A Secretaria de Educação de São Paulo informou que faltam aproximadamente 543 professores na rede no estado e que no próximo semestre abrirá concurso para preencher parte das vagas.

Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) revela que muitos estudantes da área de exatas, inclusive os que fazem licenciatura, não querem seguir a carreira de professor. Dos que cursam licenciatura em física, 52% não pretendem ser professores ou tem dúvidas. Em matemática, o percentual é 48%. A pesquisa ouviu um total de 512 estudantes. Salário baixo e condições ruins de trabalho são os principais motivos. “A solução seria tentar atrair os jovens universitários para essa carreira de docente, mas isso fica inviável sem alterar as condições de trabalho”, avaliou a educadora da UFSCar.

Falta de expectativa
No curso de licenciatura em química na USP em São Carlos muitos alunos não querem saber de sala de aula. “Até pensei em mudar de curso, mas decidi me formar nesse e depois eu vejo o que faço”, disse a universitária Ruth Rodrigues.

O primeiro motivo para a falta de interesse pela profissão é o salário. “Eu gosto de ter alguns lazeres e acredito que seria uma dificuldade desfrutá-los caso me tornasse professor, principalmente nos primeiros anos”, explicou o estudante Luís Basílio.

Trocar as aulas nos ensinos fundamental e médio pela área acadêmica ou pelo trabalho em empresas é uma opção cada vez mais comum, diz o coordenador dos cursos de graduação, Valmor Mastelaro.

“Antigamente tinha uma vocação natural para essa profissão de professor. Com o passar do tempo, devido a inúmeros fatores, como infraestrutura, salário e outras oportunidades, fizeram com que os jovens começassem a optar por outras profissões”, explicou.

Desafio
Na sala os alunos admiram o trabalho da professora, mas mesmo com tanto empenho ninguém pretende seguir a mesma carreira. Para quem está há tanto tempo na profissão, lidar com as dificuldades é um desafio diário.

Silvânia Bossolani é professora e há 15 anos leciona em escolas públicas em três períodos. Apesar da falta de valorização profissional, ela ainda acredita em uma educação de boa qualidade. “Minha motivação são eles, os alunos. Eu sou uma professora que acredita na educação, na carreira e que faz de tudo para que ela realmente aconteça e dê certo”, disse.

Dos que cursam licenciatura em física, 52% não pretendem ser professores ou tem dúvidas. Em matemática, o percentual é 48%. A pesquisa ouviu um total de 512 estudantes recém-ingressantes da USP, incluindo também alunos de pedagogia e medicina.

Déficit
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que não há déficit de professores na rede estadual de ensino. Segundo a pasta, hoje 56.276 professores atuam nas disciplinas de química, física, matemática e ciências físicas e biológicas em escolas estaduais, com mais de um milhão de aulas atribuídas.

Neste momento, diz a secretaria, para suprir aulas em substituição (por ausências temporárias) e livres nestas disciplinas, em toda a rede estadual, são necessários cerca de 543 professores, considerando a média de 23 aulas por docente.