A Unicamp aprovou na tarde desta terça-feira (24) a marcação da 1ª assembleia extraordinária da história da universidade, fundada há 53 anos, para votar uma moção em defesa da ciência, educação e autonomia universitária. A convocação foi confirmada durante reunião do Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação da instituição estadual, e ocorre em meio ao cenário de crise financeira e aos desdobramentos dos cortes de verbas feitas pelo governo federal.
A discussão irá ocorrer no Ciclo Básico, em 15 de outubro, das 12h às 14h. Segundo a assessoria da universidade, o último ato promovido pela comunidade acadêmica com proporções idênticas – mas sem que houvesse convocação – ocorreu em 1981, para protesto contra a tentativa de intervenção na administração da Unicamp pelo ex-governador Paulo Maluf, à época do regime militar.
Objetivos
Em nota, o reitor, Marcelo Knobel, destaca que a proposta é reunir a comunidade acadêmica em torno de uma causa comum. A Unicamp reforça que ela surgiu após iniciativa dos estudantes de graduação e pós, por meio de grupos acadêmicos que fizeram a solicitação para os debates.
“Precisamos reunir todas as entidades representativas da universidade para nos posicionarmos contra os ataques que estamos sofrendo e chamar a sociedade em defesa da ciência, da educação e da autonomia universitária no país”, destaca o reitor.
A iniciativa, segundo a universidade, ainda conta com apoio das entidades que representam os docentes, servidores técnico-administrativos, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Associação de Pós-Graduação (APG). De acordo com Knobel, um grupo de trabalho com representantes da comunidade será formado para a organização do ato.
“O texto da moção a ser apresentada durante a assembleia também será elaborado a partir da colaboração dos participantes”, informa nota da assessoria.
Grupo de ajuda emergencial
No início deste mês, a Unicamp anunciou a criação de um grupo de trabalho para discutir medidas emergenciais de apoio aos bolsistas de pós-graduação atingidos pelo contingenciamento de recursos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Uma das medidas definidas pelo grupo foi a criação do Programa Emergencial de Apoio a Bolsistas do CNPq, que deve oferecer suporte aos alunos através de acesso a alimentação, bolsa moradia, suporte à saúde mental e criação de um fundo de apoio.
Corte de bolsas da Capes e CNPq
No dia 2, a Capes anunciou cortes de 5.613 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no Brasil, a partir deste mês. Foi o terceiro comunicado do tipo neste ano. Ao todo, a Capes vai deixar de oferecer cerca de 11 mil bolsas e não serão aceitos novos pesquisadores neste ano.
Na Unicamp, a lista deve refletir em 58, segundo a universidade. Com isso, o contingenciamento total sobe para 115, já que o Conselho havia restringido a verba para 57 bolsas em maio e junho.
Modalidades de pós-graduação afetadas em setembro na Unicamp pelo corte da Capes:
- Mestrado: 31 bolsas
- Doutorado: 26 bolsas
- Pós-doutorado: 1 bolsa
Em agosto, o CNPq anunciou a suspensão da assinatura de novos contratos de bolsas de estudo e pesquisa. Ao todo, 478 pesquisadores de mestrado e 635 de doutorado dependem de bolsas do CNPq na Unicamp. Além deles, cerca de 650 da graduação têm contratos de iniciação científica.
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