Alunos de escolas públicas estão mais expostos à violência do que os de escolas particulares. A constatação é da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento mostra que adolescentes da rede pública presenciaram mais brigas com armas e sofreram mais agressões.
O envolvimento em confronto com arma de fogo foi testemunhado por 6,7% dos cerca de 110 mil estudantes ouvidos nas escolas públicas e por 4,9% dos de escolas privadas, 30 dia antes da entrevista. Já o confronto com arma branca foi declarado por 7,6% da rede pública e por 6,2% da privada. Os meninos acabam vivenciando mais episódios de brigas do que as meninas.
Na avaliação da pesquisadora em violência na escola, Miriam Abramovay, o número de envolvidos com arma de fogo é “um escândalo”, se levada em conta a projeção de estudantes na faixa escolar pesquisada: 3,1 milhões. Coordenadora de Políticas para a Juventude da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), ela alerta para a necessidade de campanhas de desarmamento.
“Temos uma juventude armada, muita gente usando arma de fogo, muitas vezes para pequenas desavenças, que não são graves”, explicou. “Com base em pesquisas que realizei, os jovens diziam que um olhar pode levar à morte e isso é grave”, completou, ao citar dados recentes que mostram o número expressivo de jovens assassinados por armas de fogo.
Na PeNSE, um a cada dez entrevistados disse ter sofrido agressão por um adulto nos últimos 30 dias antes da pesquisa. Nesse tipo de violência, as meninas (11,5%) aparecem como as maiores vítimas, embora o percentual de meninos agredidos chegue a 9,6%. Entre as escolas, a diferença entre pública e privada é pequena, de menos de um ponto percentual.
A pesquisa também mostra que alunos da rede pública relatam mais medo de violência no deslocamento para o colégio e na própria unidade. Nos últimos 30 dias antes da pesquisa, por não se sentirem seguros no caminho, 9,5% dos entrevistados das escolas públicas não frequentaram aulas. Entre os alunos de particulares, o percentual daqueles que deixaram de ir à escola foi 5%.
Ao comentar a comparação entre as escolas, Miriam pondera que os dados podem acabar responsabilizando as unidades públicas, que estão em situação menos favorecida em termos de investimento e do contexto socioeconômico. “São perfis diferentes”, disse.
Fonte: Agência Brasil
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