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POR MARINA DIAS

Na noite desta segunda-feira (13), em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao debate sobre os dez anos de governo do PT dizendo que não falaria. “Lula veio como espectador”, disse Emir Sader, organizador do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil”, tema do encontro. Após o presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, e da filósofa Marilena Chaui, porém, Lula pegou o microfone e falou por quase quarenta minutos.

Em sua exposição, o ex-presidente criticou a imprensa brasileira e disse que “existe um jornal” que está tentando transformá-lo em lobista. “Tem um jornal que está tentando me transformar em lobista. É fantástico. Não sou lobista, não sou conferencista, não sou consultor. Sou um divulgador das coisas que fiz neste governo”, declarou sem citar a publicação nominalmente.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou, em março deste ano, que diversas viagens de Lula ao exterior foram custeadas por empreiteiras que, de alguma forma, tiveram seus interesses atendidos com ações do ex-presidente.

“Cobro caro e não digo quanto cobro. Se quiserem saber quanto eu cobro, me contratem”, completou Lula.

O ex-presidente já proferiu palestras em outros países para Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht, entre outras. Não se sabe o valor exato que é cobrado, mas estimativas de empresários dão conta de R$ 200 mil.

Nova classe média?

A filósofa Marilena Chaui afirmou, em seu discurso, que não existe o conceito de “nova classe média” – que se tornou bandeira do governo petista. “O que existe é uma nova classe trabalhadora”, explicou Marilena.

“Eu odeio a classe média. A classe média é fascista, terrorista”, enfatizou, sob muitos aplausos de uma plateia simpatizante.

Neste momento, Lula observava a professora e ria bastante, com as mãos no rosto. Emir Sader provocou e disse ao pé do ouvido do ex-presidente:

– Não quer mesmo falar?

– Não, não vou entrar nesse debate -, respondeu Lula, cochichando.

Quando pegou o microfone, o ex-presidente preferiu dizer que o grande legado que deixou para o Brasil foi “mostrar que é possível um governante governar de forma republicana, sem odiar quem me odiava”. O ex-presidente ainda disse que será “cabo eleitoral” e fará campanha “24 horas na rua” para a reeleição da presidente Dilma Rousseff no próximo ano.

Para uma plateia formada, principalmente, por jovens, Lula pediu que as pessoas não desistam da política. “O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe, quem sabe esteja dentro de vocês”, finalizou o ex-presidente.