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Na modalidade à distância, por outro lado, houve aumento de mais de 20% no número de ingressantes. Total de matrículas na rede privada sofreu primeira queda em 25 anos.

No ensino superior, o número de alunos novos dos cursos presenciais caiu 3,7% de 2015 para 2016, de acordo com o Censo de Educação Superior 2016, divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Já na modalidade à distância, houve um aumento de mais de 20% do grupo de ingressantes.

Como, apesar do encolhimento dos cursos presenciais, o ensino à distância cresceu, o total de alunos novos se manteve praticamente estável. Em 2015, eram 2,92 milhões de ingressantes; no ano seguinte, foram 2,98 milhões (2,2% a mais).

Considerando o total de matrículas no ensino superior – de todos os anos do curso, não só dos iniciais -, os cursos à distância também registram crescimento, segundo o Censo. Em 2006, apenas 4,2% dos universitários estudavam nessa modalidade. Dez anos depois, a parcela saltou para 18,6% das matrículas.

De acordo com o Inep, a idade mais frequente do aluno que entra no curso à distância é de 28 anos – no presencial, é de 21 anos.

 (Foto: Arte/G1)

(Foto: Arte/G1)

Queda na rede privada após 25 anos

De acordo com o MEC, quando analisados os dados gerais da rede privada, houve o registro da primeira queda nas matrículas em um período de 25 anos, com uma redução de 16.529 alunos (0,3%). Já o número de matrículas em cursos de graduação da rede pública de ensino teve um aumento de 1,9% em 2016 em relação ao ano anterior.

“Tenho a percepção clara de que foi a crise econômica que levou à desaceleração no ensino superior. Uma redução na renda na recessão vivida no Brasil nos últimos três anos impacta também.” – Mendonça Filho

Ao analisar as matrículas das instituições públicas nos últimos 10 anos, o Censo revela que a rede federal foi a que mais cresceu: teve um aumento de 105,8%. No mesmo período, a rede municipal recuou 17%.

De acordo com o Censo, o Brasil possui 2.407 instituições de educação superior: 87,7% são privadas e 12,3%, públicas (federais, estaduais e municipais). A distribuição dos estudantes nos cursos brasileiros fica da seguinte forma: 75,3% dos universitários estão setor privado e 24,7%, no público.

“De cada quatro estudantes de graduação, três frequentam uma instituição privada. Seria um equívoco falar de educação superior sem falar na educação privada.” – Carlos Moreno, diretor de estatísticas educacionais do Inep

Os únicos estados em que há mais alunos nas instituições públicas do que nas privadas são Paraíba e Roraima.

A média nacional é de 2,5 alunos da rede privada para cada um da rede pública. No entanto, no Distrito Federal, em Rondônia, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, a proporção é ainda maior. Em São Paulo, chega a ser o dobro: para cada aluno de rede pública, existem cinco na particular.

Ocupação de vagas

O Censo da Educação Superior mostra que há pouco aproveitamento das vagas oferecidas nas instituições de ensino brasileiras. A média nacional é de que, das 7,8 milhões de novas vagas, apenas 33,5% foram preenchidas.

Essa taxa de ocupação é pequena principalmente entre as universidades privadas (29,6%). Entre as federais, o índice fica bem acima do total geral: 91,9% das vagas novas de 2016 foram ocupadas.

Porcentagem de vagas novas oferecidas em 2016 que foram ocupadas

O diretor de estatísticas educacionais do Inep, Carlos Moreno, explicou que, atualmente, o número de vagas no ensino superior é maior que o de alunos formandos no sistema e, mesmo assim, nem todas as vagas são preenchidas.

“Hoje, para chegar na meta do PNE [Plano Nacional de Educação], temos que aumentar a educação superior em três milhões de alunos” – Carlos Moreno

Vagas remanescentes

Assim como nos anos anteriores, persiste também a dificuldade em ocupar as vagas remanescentes das universidades- ou seja, aquelas que restaram após os processos seletivos iniciais ou que foram liberadas após morte do aluno, abandono do curso ou jubilamento, por exemplo. Nas faculdades públicas, apenas 24,3% dessas vagas foram ocupadas por alunos. Na rede privada, o índice é ainda mais baixo: 11,2%.

Perfis dos professores

Nas instituições públicas e privadas, o perfil mais comum de professor é homem, de 34 a 36 anos. Quanto à formação acadêmica, existem diferenças marcantes: doutores são mais frequentes na rede pública. Na privada, o título mais frequente é o de mestre.

Apesar disso, em ambas, há um crescimento no número de professores com doutorado nos últimos 10 anos. Na pública, a parcela saltou de 22,4% em 2006 para 39% em 2016. Na privada, foi de 12,4% para 22,5% nesse mesmo período.

Perfis dos professores (Foto: Arte/G1)

Perfis dos professores (Foto: Arte/G1)

Comparando os docentes quanto ao regime de trabalho, o Censo afirma que as instituições de ensino públicas costumam empregá-los em tempo integral – ou seja, com dedicação exclusiva. Já nas particulares, é mais comum que o profissional trabalhe em tempo parcial, o que colabora para que ele precise conciliar mais de um emprego.

Bacharelado x licenciatura

Apesar de a maioria dos professores universitários ser homem, as matrículas em cursos de licenciatura são majoritariamente femininas: 71,1% são de alunas mulheres e 28,9%, de homens.

Matrículas em cursos de licenciatura (divididas por sexo)
Mulheres: 71,1 %Homens: 28,9 %
Fonte: Censo de Educação Superior 2016 (Inep)

Esse grau acadêmico foi, inclusive, o que mais cresceu entre 2015 e 2016, aumentando 3,3% e ocupando, atualmente, 19,9% das matrículas nos cursos superiores. Em primeiro lugar, continua dominando o bacharelado (69% das matrículas) e, por último, ficam os cursos tecnológicos (11,8%) – que recuaram 1,1% no ano passado.

Concluintes

Entre 2006 e 2016, o número de concluintes de cursos superiores cresceu mais nas instituições particulares (62,6%) do que nas públicas (26,5%).

No ano passado, segundo o Censo, 1.169.449 alunos se formaram – 78,9% conseguiram o diploma na rede particular e 21,1%, na pública.

Comparando as modalidades de ensino, 80,3% dos concluintes estavam em cursos presenciais e 19,7%, na educação à distância.

Estudantes estrangeiros

O Censo mostra a nacionalidade dos estudantes estrangeiros que estão nas universidades brasileiras. A maioria vem do continente americano (45%). Em segundo lugar, estão os alunos africanos (28%) – principalmente de Angola -, depois os europeus (14%), asiáticos (11%) e da Oceania (2%).

Origens dos estudantes estrangeiros matriculados no ensino superior do Brasil
África: 28 %América: 45 %Europa: 14 %Ásia: 11 %Oceania: 2 %
Fonte: Censo de Educação Superior 2016 (Inep)

Os 10 cursos com mais alunos matriculados

O Censo mostra os dez maiores cursos de graduação do Brasil. Juntos, eles concentram 51% das matrículas de todo o ensino superior.

Cursos com maior número de matrículas

Direito 11%
Administração 9,1%
Pedagogia 8,7%
Engenharia civil 4,6%
Ciências contábeis 4,5%
Enfermagem 3,5%
Psicologia 3%
Formação de professor de educação física 2,4%
Arquitetura e urbanismo 2,1%
Engenharia de produção 2,1%

Os 15 maiores cursos de licenciatura

Dos alunos que cursam licenciatura no Brasil, em 2016, 44,4% estão na graduação de pedagogia. Em seguida, estão as formações em educação física, história, matemática e biologia. Veja a posição dos 15 cursos com mais matrículas:

Os 15 maiores cursos de licenciatura em 2016

Pedagogia 44,4%
Formação de professor de educação física 12,2%
Formação de professor de história 5,8%
Formação de professor de matemática 5,6%
Formação de professor de biologia 5,4%
Formação de professor de língua/literatura vernácula (português) 5,0%
Formação de professor de geografia 3,6%
Formação de professor de língua/literatura vernácula e língua estrangeira moderna 2,7%
Formação de professor de língua/literatura estrangeira moderna 2,7%
Formação de professor de química 2,4%
Formação de professor de física 1,7%
Formação de professor de artes visuais 1,4%
Formação de professor de filosofia 1,3%
Formação de professor de sociologia 1,2%
Formação de professor de música 1,0%