fbpx

Negros ainda são mais vítimas de assassinatos em Mato Grosso. Em 2010, morreram proporcionalmente 85,8% mais negros do que brancos no Estado. Os dados são da edição “A cor dos homicídios no Brasil” do Mapa da Violência, divulgado neste ano. 

O levantamento ainda revela que enquanto os assassinatos de brancos reduziram quase 25% de 2002 a 2010, os de negros aumentaram 18,3% no Estado durante o mesmo período. 

Para a coordenadora do núcleo de Estudos Raciais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cândida Soares da Costa, os números apontam que “está havendo um extermínio da população negra, em especial os jovens”. As taxas de homicídio são maiores entre as pessoas com idade entre 17 e 31 anos. 

“Com o final da escravidão, surgiu o desejo em parte da sociedade que os negros desaparecessem. Essa política de ‘branquização’ os deixou à própria sorte”, explica a professora. 

Conforme o estudo, a diferença entre a vitimização de negros e brancos ocorre principalmente devido a queda na mortalidade da parcela branca da sociedade. Uma observação que aponta para a ausência da presença do Estado nos locais com maior concentração de afrodescendentes, segundo Cândida. 

“Os negros vêm sendo renegados as situações mais precárias. Essa vitimização não se dá ao acaso. Eles têm menos acesso à saúde, à infraestrutura, à escola, logo sofrem mais conseqüências da violência”, avalia. 

A opinião é compartilhada pela presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mato Grosso, Betsey Miranda. Apesar de estarem mais expostos a estas situações, ela afirma que os negros não representam uma maior parcela da procura por auxílio do grupo de advogados. “Acredito que seja uma questão de educação, de conhecer seus direitos”, diz. 

CAMPEÕES MATO-GROSSENSES – Quatro cidades de Mato Grosso são citadas no mapa da violência entre aquelas em que o número de homicídios teve maior crescimento entre a população negra. 

No ranking geral, Cuiabá aparece na 34ª posição. Em 2010, para cada 100 mil habitantes, 22,7 brancos eram assassinados, enquanto 49,8 das vítimas eram negras. 

Várzea Grande e Rondonópolis também aparecem na lista. Na primeira delas, a taxa era de 60 negros e 40,2 brancos a cada 100 mil pessoas; na segunda de 49,8 negros e 22,7 brancos. 

Quando considerados apenas os municípios com mais de 50 mil habitantes, Primavera do Leste também surge no levantamento. Em 2010, para cada grupo de 100 mil pessoas, 65,5 vítimas de assassinato na cidade eram negras, enquanto a taxa entre os brancos era de 22,3.