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O Espírito Santo tem a segunda maior taxa de homicídios de negros do Brasil, é o que aponta o levantamento “Mapa da Violência – A cor dos homicídios” divulgado nesta quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República. Em um grupo de 100 mil habitantes, o Espírito Santo tem uma taxa de 65 homicídios de negros, atrás apenas de Alagoas com média de 80,5. Já entre os brancos, o estado capixaba tem índice inferior, de 17,7, ocupando a sétima colocação. Os números são relativos a 2010. Segundo o secretário de Estado de Ações Estratégicas, André Garcia, nos últimos anos o número vem caindo.

“Entre 2009 e 2012 nós já estamos em um processo de redução de 20% de diminuição total no número de homicídios, o estado sempre esteve acima do dobro da média nacional, a taxa é sempre muito elevada, e nunca tivemos uma sequência de três anos de redução como agora. Aplicamos em 2011 um programa de proteção com ações sociais para regiões de grupos mais vulneráveis. Estamos consolidando uma tendência de redução quantitativa, que é o que primeiramente nos importa”, disse.

Sobre a diferença entre os índices de branos e negros, o secretário justifica como uma questão histórica. “A diferença existe, porque há uma concentração nas regiões periféricas e nas regiões vulneráveis de pessoas negras. Temos uma secretaria especial de mobilização e articulação para esse público, para proporcionar cultura, educação, lazer, para acabar com a violência e atender uma demanda histórica do estado, que é este púiblico”, frisou Garcia.

Nacionalmente, a taxa de homicídios de negros é de 27,4, com o Espírito Santo tendo mais que o dobro da média nacional. O estudo mostra que o Espírito Santo teve um aumento significativo nos homicídios de negros. Em 2002, a taxa era de 47,5, em 2006 era de 55,1 e em 2010 ficou com 65,0. Em contrapartida, houve queda nos homicídios de brancos. Em 2002, a taxa era de 19,2, passando para 17,9 em 2006 e cainda para 17,7 em 2010.

Taxa de homicídio nos Estados e Regiões em 2010

Brancos
(por 100 mil hab.)

Negros
(por 100 mil hab.)

Acre 14 18
Amazonas 9,2 38,4
Amapá 15,7 41,1
Pará 15,8 55,1
Rondônia 25,8 39,4
Roraima 8,5 34,2
Tocantins 10,6 27,1

NORTE

15,2

44,9

Alagoas
4,4
80,5
Bahia 11,7 47,3
Ceará 11,2 30,3
Maranhão 9,7 26,3
Paraíba
3,1
60,5
Pernambuco
7,7
54,6
Piauí 7,6 15
Rio Grande do Norte 8,7 34,7
Sergipe 10,1 39,8

NORDESTE

8,8

42,6

Espírito Santo 17,7 65
Minas Gerais 10,5 23,7
Rio de Janeiro 21,5 41
São Paulo 12,2 16,1

SUDESTE

13,7

27,1

Paraná 39,3 22,6
Rio Grande do Sul 18 25,1
Santa Catarina 12,6 13,3

SUL

24

21,8

Distrito Federal
10,4
52,8
Goiás 15,4 42,8
Mato Grosso do Sul 18,9 30,6
Mato Grosso 21,4 39,7

CENTRO-OESTE

16,3

42

BRASIL

15,5

36

*Fonte: Mapa da Violência 2012

Para o cientista político Roberto Garcia Simões, é preciso uma série de ações sociais e de segurança pública para reverter o quadro no estado. “De uma maneira geral, os dados mostram que têm sido atingidos principalmente jovens que moram em determinados lugares, com determinadas rendas, excluídos dos bens básicos, e nesse processo a população negra tem maior contigente. Essa realidade traduz a eclusão sociocultural mais explícita nessa população negra que está sendo configurada. O Espírito Santo também ocupa primeiro lugar na taxa de mortes violentas, em morte de jovens, de mulheres. É preciso ver o reflexo disso. Isso requer uma política social robusta capaz de dar conta de todos extratos sociais”, afirmou.

Vitória como 3ª capital
Entre as capitais, Vitória aparece na terceira colocação dos homicídios de negros. Com uma média de 113,6, atrás de João Pessoa, na Paraíba, e Maceió, Alagoas. De acordo com o secretário de Cidadania e Direitos Humanos da Prefeitura de Vitória, João José Sana, o município realiza atividades de inserção dos negros na sociedade, mas a diminuição da violência entre esta camada da população ainda é difícil.

“As vítimas têm um claro perfil. Jovens pobres e predominantemente negros. Isso mostra o país excludente que temos. Não tem nenhuma solução fácil e que dê resposta de imediato, mas o município promove algumas atividades de igualdade racial, com atividades de cultura e lazer voltadas especificamente voltadas para a população negra, mas é um desafio grande diminuir essa taxa”, frisou o secretário.

Números nacionais
A Região Norte tem a maior taxa de homicídios de negros do país, segundo o levantamento “Mapa da Violência – A cor dos homicídios” lançado nesta quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República.

Segundo o estudo, entre os anos de 2002 e 2010, houve queda do número de homicídios na população branca, mas aumento nos números da população negra, com o assassinato de 272.422 cidadãos negros no país –uma média de 30.269 assassinatos ao ano. Só em 2010, foram 34.983.

As mortes de negros tiveram aumento de 29,8%. Já o número de homicídios de brancos caiu de 18.867 em 2002 para 14.047 em 2010, o que representa uma queda de 25,5% nesses oito anos.

A taxa de homicídios de brancos também caiu, de 20,6 para 15,5 homicídios por cada 100 mil habitantes (queda de 24,8%), enquanto a de negros cresceu de 34,1 para 36 (aumento de 5,6%).