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A Paraíba foi o estado que teve o maior índice de vitimização negra em todo o Brasil no ano de 2010, registrando uma taxa de 1.824,3. Isso significa que, no estado, um branco foi assassinado para cada 19 negros. Os dados foram divulgados na quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), vinculada ao Governo Federal, através do “Mapa da Violência 2012: a cor dos homicídios no Brasil”.

O índice é calculado a partir da relação entre as taxas de homicídio de brancos e as taxas de negros. Diante dos números da Paraíba, é possível afirmar que morreram, proporcionalmente, 1.824,3% mais negros do que brancos no estado. A lista segue com os estados de Alagoas e Pernambuco, com taxas de 1713,7 e 609,2, respectivamente. No Nordeste, o índice de 2010 foi de 393,9.

Relatório mostra que a Paraíba teve uma queda de 4,1% nos homicídios de brancos em oito anos, enquanto que houve um aumento de 209% nos assassinatos de negros

O relatório atribui os altos índices na Paraíba e em Alagoas às baixas taxas na sua população branca. Porém, ainda considera os índices de vitimização “intoleráveis” e garante que “se nada for feito de forma imediata e drástica, a vitimização negra no país poderá chegar a patamares inadmissíveis pela humanidade”.

Os dados da Seppir mostram que o estado teve 49 homicídios de brancos em 2002, 46 em 2006 e 47 em 2010. Os números demonstram uma queda de 4,1% de 2002 para 2010. No entanto, o número de homicídios de negros, que já era alto, teve um crescimento acentuado. Os casos passaram de 432 em 2002 para 693 em 2006 e, em seguida, para 1.335 em 2010. O aumento total foi de 209% nesses oito anos.

Individualmente, Bahia, Paraíba e Pará foram as unidades que tiveram maior crescimento no seu número de homicídios negros nesse mesmo período, mais que triplicando em 2010 os números de 2002.

Já os estados de Alagoas, Espírito Santo e Paraíba são os que apresentaram as maiores taxas de homicídios negros: 80,5, 65,0 e 60,5 para cada 100 mil negros. O relatório afirma que “são níveis altamente preocupantes”. A Seppir leva em consideração o fato de que o Brasil, nesse ano, apresentou uma taxa geral de 27,4 homicídios em 100 mil habitantes e essa taxa foi a quinta maior do mundo entre 90 países pesquisados.

Segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.499.253 pessoas se consideram brancas na Paraíba. Apenas 212.968 se autodenominam negras e 1.986.619 pardas. As outras 67.688 se consideraram amarelas, indígenas ou não declararam cor.

Capital
O índice de vitimização negra em João Pessoa está no topo do ranking das capitais brasileiras. Por cada branco que é assassinado, proporcionalmente morrem 29 negros pela mesma causa. A cidade apresenta uma taxa de homicídios negros de 140,7 para cada 100 mil negros.

Se nada for feito de forma imediata e drástica, a vitimização negra no país poderá chegar a patamares inadmissíveis pela humanidade”
relatório da Seppir

A média nacional de vitimização negra foi de 132,3 em 2010. Porém, nas capitais, nesse mesmo ano, a vitimização negra foi quase o duplo que a nacional: 250. Só em uma das capitais do país, Curitiba, a taxa de homicídios de negros foi menor que a dos homicídios brancos.

João Pessoa fica em 12º lugar se considerado o número total de homicídios de negros em 2010, com 545 casos registrados. As cidades com maior quantidade de assassinatos deste tipo foram Salvador, com 1.659, e Rio de Janeiro, com 1.078.

Considerando os 608 municípios com mais de 50 mil habitantes, João Pessoa fica na 6ª colocação. Porém, outra cidade paraibana está presente nos primeiros lugares da lista. Cabedelo fica no 3º lugar com uma taxa de homicídios negros de 159,4. Patos fica na 23ª colocação com 100,3 e Campina Grande na 24ª, com 99,4.

De acordo com os números do Censo 2010 do IBGE, 320.348 pessoas se autodeclararam brancas em João Pessoa. Outras 48.304 disseram ser negras e 342.654 pardas. Além dessas, 13.209 se consideraram amarelas, indígenas ou não declararam cor.

Brasil
Considerando o país como um todo, o número de homicídios brancos caiu de 18.867 em 2002 para 14.047 em 2010, o que representa uma queda de 25,5% nesses oito anos. Já os homicídios negros tiveram um forte crescimento: passam de 26.952 para 34.983, um aumento de 29,8%. Destacam-se, pelos grandes aumentos de vítimas negras os estados do Pará, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Vítimas jovens
Oito unidades da federação ultrapassam a marca dos 100 homicídios por cada 100 mil jovens negros, considerada preocupante. A Paraíba está entre eles, com 125,8. Também foram destaque Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará.

Ao mesmo tempo Alagoas e Paraíba são também as unidades com as menores taxas de homicídio de jovens brancos. “Desta contraposição resultam índices absurdos de vitimização de seus jovens negros. Em Alagoas, para cada jovem branco assassinado, morrem proporcionalmente acima de 20 jovens negros. Na Paraíba são 19 por 1”, mostra o relatório.