A comitiva de Direitos Humanos, formada por representantes do Brasil, Chile e Argentina visitou, na manhã de ontem, alguns “locais de memória” do Recife que marcaram o período Ditadura Militar. A Casa da Cultura, o Monumento Tortura Nunca Mais e o Palácio do Governo foram os lugares que o grupo conheceu. Estavam presentes a ex-ministra da Cultura do Chile e diretora do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Marcia Scantlebury; o ex-relator especial para o Direito à Educação da ONU, Vernor Muñoz; o professor e cientista político Emir Sader; e o diretor-geral da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), Pablo Gentili. A iniciativa, além de dar visibilidade a esses locais, marca a preparação do livro “Recife Lugar de Memória”, produzido pela Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da Prefeitura do Recife.
Para Marcia Scantlebury, a cidade do Recife contrasta com a memória do horror que seus monumentos guardam. “Nunca tinha vindo para a cidade, é muito bonita, parece uma Veneza, mas ela esconde a história de pessoas que sofreram com a ditadura. Que pena que poucos saibam dessas histórias”, comentou. A ex-ministra chilena também comentou sobre o tempo da prisão em seu país. “Fui presa na Operação Condor, fui torturada, mas não como os brasileiros foram aqui, sei de histórias de tortura que me deixa espantada,” lembrou.
De acordo com o cientista político Emir Sader, é preciso acabar com todas as farsas que aconteceram na época do regime ditatorial brasileiro. “A ditadura, a arbitrariedade, isso não pode ficar escondido, é preciso sair dos arquivos, acabar com a ideia de que os comunistas eram os verdadeiros terroristas, de existir um grupo antagônico e outro a favor do regime, isso não existe”, reclamou.
Segundo o diretor da FLACSO, Pablo Gentili, os intelectuais e representantes dos Direitos Humanos da América Latina podem elucidar a sociedade a conhecer e refletir sobre o período da ditadura. “É preciso ressaltar que a sociedade deve administrar o seu passado. Não se pode negar às próximas gerações o que aconteceu com as pessoas na época das ditaduras. Todos devem saber de fato o que existiu para não ter o risco de acontecer de novo”, afirmou Gentili.
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