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O número de homicídios que vitimaram mulheres na RMC (Região Metropolitana de Campinas) aumentou 104% entre 2008 a 2010, segundo levantamento do Mapa da Violência com base em números do Ministério da Saúde. Em 2008, foram assassinadas 24 mulheres, em 2009 foram 42 e, em 2010, o número subiu para 49. O estudo apontou que na grande maioria das ocorrências, o companheiro é o responsável pelo crime. No Estado de São Paulo houve pouca variação no mesmo período, com 666 mulheres assassinadas em 2008, 652 em 2009 e 671 em 2010. No Brasil se observa a mesma tendência, com 4.023 casos em 2008, 4.019 em 2009 e 4.157 em 2010. Artur Nogueira é a única cidade da RMC onde nenhuma mulher foi assassinada no período. Campinas é o município com mais ocorrências, o que puxou para cima os índices do crime, com 41 casos nos três anos. Em contrapartida, em Americana, houve redução. Em 2009 foram quatro casos contra nenhuma ocorrência no ano seguinte. Nos três anos foram 117 mortes por assassinato de mulheres na RMC. MAPA Para o sociólogo, coordenador do Mapa da Violência e autor do estudo, Júlio Jacobo Waiselfisz, o aumento na região pode estar relacionado à “descentralização populacional e econômica” pela qual o país passa nos últimos anos. “Há até pouco tempo a violência contra a mulher estava concentrada nas capitais, pelo fato de a população ser maior e porque as demandas sociais também são maiores. Hoje, observamos um espalhamento ou interiorização econômica em direção ao interior. Com isso, os índices de violência contra a mulher têm aumentado nessas regiões”, explicou. CRUEL O estudioso apontou que em cerca de 65% dos casos o culpado pelo homicídio é o namorado ou marido. A violência costuma ocorrer no ambiente doméstico. No levantamento foi constado também que o assassinato da mulher costuma ser mais cruel ou doloroso. Enquanto 72,4% dos homens são assassinados com armas de fogo, 49,2% das mulheres são mortas do mesmo jeito. A proporção se inverte quando a morte é provocada por objetos cortantes, com 15,1% das vítimas do sexo masculino contra 25,8% são mulheres mortas da mesma forma. Nas mortes por esganamento 1% são homens e 5,7% são do sexo feminino. Para Jacobo, as características dos assassinatos reforçam a tendência de o crime ocorrer na casa da vítima e o acusado ser o próprio companheiro. INTOLERÂNCIA O delegado seccional de Campinas, José Carneiro Rolim Neto, relatou que a Polícia Civil percebeu o aumento e que tem estudado medidas para combater o problema. Ele relatou que nos casos em que o marido se torna o assassino a falta de diálogo é a principal causa do crime. “Infelizmente, cada vez mais muitos homens estão se tornando intolerantes com as suas companheiras. Em alguns casos o homem escuta um boato que foi traído e mata a mulher. Tudo isso sem perguntar o que ocorreu, sem conversar sobre o assunto, que pode ser uma mentira. E mesmo que fosse verdade o ato é injustificável”, afirmou. A delegada da DDM (Delegacia da Mulher de Americana, Regina Castilho Cunha, orienta a mulher a denunciar o agressor logo na primeira ameaça de morte. Em casos de ameaças a vítima pode escolher se representa contra o acusado. Se houve agressão física, automaticamente é instaurado inquérito para apurar o assunto. Em segundo lugar de acordo com Neto, as mulheres são assassinadas por terem relação com o tráfico de drogas.