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O secretário de Estado de Ações Estratégicas, André Garcia, não contesta os dados do “Mapa da Violência 2012”, apresentado nesta quarta-feira (18). O relatório aponta o Espírito Santo como o segundo do país em número de mortes de crianças e adolescentes, com uma média de 33,8 homicídios por 100 mil habitantes. 

No entanto, Garcia não concorda com as causas apontadas no mesmo estudo, de que 60% da violência no Espírito Santo ocorrem no ambiente familiar, como informou o sociólogo e responsável pela pesquisa, Julio Jacobo. 

Ouça entrevista do sociólogo – 60% da violência contra criança no Espírito Santo ocorre na família

O secretário insiste que o tráfico de drogas é a causa da violência. “Nós realizamos um estudo nos casos de homicídios dolosos registrados no Estado, e foi constatado um percentual considerado de 80% da influência dinâmica do tráfico de drogas. Então, essa informação de que eles ocorrem no seio familiar só acrescenta informações para o nossos estudos, mas o tráfico de drogas é o grande motivo dos homicídios”, ressalta o secretário.  

A pesquisa

O sociólogo destacou que o Estado precisa atuar para inibir a violência e não colocar a culpa apenas no tráfico de drogas.

“Existe um mito que no Espírito Santo a violência está toda ligada ao tráfico de drogas. As evidências dos nossos estudos apontam para a violência no seio familiar. Falar que é culpa do tráfico de drogas é um caminho um pouco perigoso de justificar a negligência do Estado. O Estado tem que levar o problema a sério e trabalhar em programas de segurança”.

A pesquisa foi divulgada pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) nesta quarta-feira. No ranking dos mais violentos aparece pela ordem Alagoas, Espírito Santo, Bahia e Distrito Federal. 

O sociólogo também destacou que o Estado conseguiu estagnar o índice da violência, mas isso não é o suficiente. “A violência no Espírito Santo é uma questão histórica. O Estado tem apresentado alto índice de violência não apenas com crianças e adolescentes, mas em várias áreas. Podemos chamar de cultura de violência. O Estado conseguiu estagnar os índices, mas é preciso reduzi-lo”.  

O secretário André Garcia diz que combate a violência com projetos. “Nós estamos com um programa hoje estruturado já com um ano, que é o Estado Presente. Nós estamos com a dinâmica em que todos os envolvidos com a segurança pública e aqueles que não fazem parte são municiados de informações necessárias para que as intervenções sejam feitas com o focos nesses grupos mais vulneráveis, que estão esses adolescentes”.

Desde o início dos levantamentos de dados para o Mapa da Violência, em 1980, o crescimento no número de mortes de jovens chega a 376%.

Os Estados que possuem o menor índice de violência a criança e ao adolescente são Piauí, Santa Catarina e São Paulo.

A pesquisa levou em conta 523 cidades que aparecem no Censo 2010 com população com mais de 20 mil pessoas de zero aos 19 anos.