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O sociólogo e estudioso Julio Jacobo Waiselfisz participou na manhã desta quarta-feira (29), da Comissão Especial de Inquérito (CEI) criada pela Câmara Municipal de Maceió que tenta traçar um mapa de causas da violência em Alagoas.

Conhecido mundialmente por sua dedicação aos números ligados ao tema, Jacobo enfatizou, durante entrevista coletiva, a importância de encarar o crescimento de homicídios como um problema de Estado, e não ligá-lo à política ou seus representantes.

De acordo com o sociólogo, enquanto a média nacional aponta que morrem assassinadas 27 pessoas para cada 100 mil habitantes, em Alagoas o número sobe para 70. Ele também afirmou que crianças e adolescentes contribuem com os números: são 40 jovens alagoanos morrendo enquanto a média nacional é de 13.

Questões raciais também foram apontadas pelo estudioso como preocupantes. Enquanto homens de pele branca tiveram uma redução significativa em números de homicídio, os de pele negra são quase massacrados. A proporção é 20 homens negros para apenas um branco.

Presidindo a CEI da Violência, o vereador Ricardo Barbosa (PT), afirma que a participação do sociólogo vem trazer a realidade nua e crua à sociedade alagoana.

Ainda durante discurso, Julio Jacobo fez questão de apontar que os números são um termômetro e não um diagnóstico. “De posse dessas estatísticas, os poderes públicos, que são responsáveis em resolver esse drama, vão traçar estratégias para combater de maneira eficaz esse mau que assola não só Alagoas, mas o Brasil de uma maneira geral”, declarou Jacobo.

Grandes centros onde a violência foi contornada, a exemplo de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, foram dados como exemplo de redução nas taxas de homicídio. “Iniciativas da Sociedade Civil fazem a diferença, quando pressionam os órgãos públicos a cumprirem o dever de proteger a população”, disse o sociólogo. “É necessário investir em efetivo, estrutura policial, mas também colocar em prática as leis que regem o país”, acrescentou.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Maria da Penha foram lembrados como alternativas que já existem mas que não surtem o efeito que deveriam em Alagoas. “Esse Estado está com febre e só a liderança pública poderá dar o remédio certo, de acordo com o necessário”, aconselhou. “Até que ponto uma sociedade organizada poderá durar até que algo seja feito? Questionou finalmente Jacobo.

A CEI da Violência já realizou audiências com pessoas vítimas de crimes, profissionais envolvidos na segurança, intelectuais e com jovens, comprovadamente os mais atingidos principalmente em casos de homicídios.