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Por Revista Voto

parceirosMaior movimento de voluntariado jovem do Brasil, Tribos nas Trilhas da Cidadania, criado pela ONG Parceiros Voluntários no Rio Grande do Sul, está com inscrições abertas até 30 de maio. Com a chancela da UNESCO, ação já mobilizou mais de 100 mil estudantes de escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul. Neste ano, após aplicação de pesquisa patrocinada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a ONG espera fomentar ainda mais o desenvolvimento das novas gerações a partir do trabalho voluntário organizado com foco na promoção dos valores na educação. Escolas públicas e privadas podem se inscrever pelo site www.parceirosvoluntários.org.br/tribos .

Criado em 2003, o projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania – que integra o programa Valores na Educação da ONG – oportuniza aos estudantes de escolas públicas e privadas, dos ensinos fundamental e médio, empreenderem soluções para os desafios que eles mesmos identificam em suas comunidades. Desse modo, a ação promove uma postura de participação social, cidadã e empreendedora, conforme orientações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

A metodologia tem como pilares a mobilização juvenil em torno de uma “Tribo”, sempre a partir de sua escola. As ações desenvolvidas por essa Tribo ocorrem em formato de trilhas temáticas: Educação para a Paz, Meio Ambiente e Cultura. Na primeira, os alunos têm contato com uma produção cultural de paz, ou seja, um conjunto de valores, atitudes e comportamentos baseados em fatores como o respeito à vida, a prática da não-violência, o combate à exclusão, a defesa da liberdade de expressão, entre outros. No caso do Meio Ambiente, as atividades são focadas na prevenção e recuperação do equilíbrio ecológico e o impacto de nossas ações para o planeta. A trilha da Cultura, por sua vez, busca a preservação e o cuidado com o patrimônio cultural, tendo como proposta auxiliar as comunidades para que essas possam resgatar suas raízes pela ação voluntária da juventude e defendendo a diversidade cultural. As inscrições para a edição 2016 seguem abertas até o dia 30 de maio pelo site www.parceirosvoluntários.org.br/tribos. Até abril, já se inscreveram 185 escolas públicas e privadas de cidades gaúchas e foram formadas 222 tribos.  Projeto tem o apoio da Gerdau, Sulgás e Celulose Riograndense.
Os exemplos de iniciativas são variados: na Serra Gaúcha, um grupo de tribeiros revitalizou a horta da escola. No município de Taquara, uma tribo alertou sobre os perigos da dengue com uma peça de teatro. No Vale dos Sinos, um encontro de 500 jovens resultou na produção de brinquedos reciclados a partir do reaproveitamento do lixo. “Considero o Tribos um projeto que potencializa os alunos. Eles se tornam mais comprometidos e a gente vê o cuidado que eles passam a ter um com o outro”, avalia a professora Simone Carvalho, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nancy Pansera, de Canoas, na Grande Porto Alegre. “Fica evidente o quanto esses alunos melhoram em sala de aula e, aqueles que eram retraídos em sua participação em grupos, passam a ser pessoas mais ativas e engajadas”, acrescenta a educadora, cuja Trilha seguida é a da Educação para a Paz.
Nada disso se faz sem o auxílio dos professores. Assim, a Parceiros Voluntários aposta forte na mobilização e qualificação de docentes como importante estratégia inicial para o alinhamento conceitual do projeto. Somente em 2015, 138 professores foram capacitados no curso Qualificação de Educadores em Participação Social e Mobilização Juvenil e na Oficina Prática Social na Escola. A fim de propiciar maior institucionalidade ao projeto, a ONG Parceiros Voluntários também busca maior pactuação com o corpo diretivo das escolas e, em alguns municípios, com as Secretarias de Educação. Há também a organização de fóruns municipais e regionais para fortalecer o intercâmbio de experiências.
Cada Tribo é representada por um aluno líder e recebe apoio de um professor indicado pela escola. Os estudantes também são capacitados e participam de metodologia exclusiva criada pela ONG, Desenvolvendo Jovens Tribeiros, onde aprendem noções de liderança, empreendedorismo, voluntariado organizado e planejamento de ações. Em 2015, foram capacitados 586 estudantes. Ao todo, o Tribos nas Trilhas da Cidadania mobilizou 8.258 alunos, de 265 escolas (214 públicas e 53 privadas) ao longo do ano passado. Nesse mesmo período, foram formadas 270 Tribos, que promoveram 1.080 ações de voluntariado no Rio Grande do Sul.
Os números são ainda maiores quando nos referimos aos 12 anos de atuação: 102.516 estudantes envolvidos, 2.675 escolas públicas e 852 escolas privadas participantes. A mobilização desses agentes ao longo dos anos resultou em 13.812 ações, transformando o Tribos nas Trilhas da Cidadania no maior movimento de voluntariado jovem do Brasil.
Aperfeiçoamento em 2016
A fim de aperfeiçoar o trabalho de desenvolver a cultura do voluntariado organizado entre os jovens, a ação Tribos está implementando melhorias. Dentre as modificações está a revitalização do programa, com uma linguagem mais dinâmica, adequada aos diferentes públicos atendidos, crianças, adolescentes e jovens. O trabalho é resultado da pesquisa Programa de Avaliação e Apoio à Gestão de Programas de Voluntariado no Rio Grande do Sul. De acordo com a coordenadora de Formação da ONG, Jacqueline Kalakun, o objetivo das modificações é atender demandas das juventudes, a partir de um formato mais contemporâneo. “A nova metodologia também será ampliada para envolver as crianças. Ou seja, a Parceiros Voluntários deseja, desde cedo, regar as sementes que promovem a cultura da paz e a solidariedade em nossa sociedade”, explica.
A experimentação cívica para as novas gerações vivenciarem a participação, a partir do exercício da cidadania e através da aplicação dos direitos e deveres no cotidiano vivenciado na comunidade é apenas um dos resultados do trabalho desenvolvido. De acordo com a pesquisa apoiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso), a experiência de voluntariado infantojuvenil promove a ruptura com a cultura adultocêntrica, em que crianças e adolescentes são objetos da tutela dos adultos e beneficiários de suas ações, e garante maior visibilidade pública positiva, ou seja, fortalece o protagonismo. Mais do que isso: participar de ações voluntárias favorece o desenvolvimento pessoal de crianças, adolescentes e jovens, pois melhora o nível de autoestima, cria autonomia, promove o domínio de habilidades sociais e capacidades de expressão de sentimentos e ideias. O resultado completo da pesquisa pode ser acessado pelo endereço http://www.parceirosvoluntarios.org.br/flacso-realiza-projeto-avaliacao-tribos-10-anos/.  Com base nos dados da pesquisa, a Flacso avaliou a metodologia a fim de apontar novos métodos e estratégias a serem utilizados já na edição deste ano, que deverá iniciar em maio de 2016.