Estudantes protestam contra corte de verbas anunciadas pela reitoria.
Universidade diz que precisou ‘conter gastos’ com a queda da arrecadação.
Estudantes da Unicamp entraram no terceiro dia de ocupação do prédio da Faculdade de Educação, no campus de Campinas (SP). Ao menos dez alunos dormiam no local na manhã de sexta-feira (6), mas eles alegam que passa de cem o número de universitários que apoiam o movimento iniciado na noite de quarta-feira (4). O grupo protesta contra corte de despesas anunciado pela diretoria da universidade que chegaria a R$ 40 milhões.
Entre os cortes, estaria metade da verba destinada à contratação de pessoal para a área da saúde e concursos. A estadual de Campinas também pretende economizar em 25% as despesas das faculdades e institutos.
Entre as reivindicações dos alunos também estão mais vagas para a moradia estudantil e a implantação de um programa de cotas raciais que vá além do vestibular.
“Contenção de gastos”
Por meio da assessoria de imprensa, a Unicamp nega que tenha feito um corte no orçamento. Informa que foi feita uma “contenção de gastos” por causa da queda na arrecadação de impostos destinados para a universidade. A universidade afirma que não haverá corte de recursos na área de saúde, principalmente no que diz respeito à assistência. A nota não comenta o pedido de vagas na moradia e cotas raciais.
Entenda o caso
Estudantes da Unicamp ocuparam a faculdade de Educação e iniciaram uma paralisação contra os cortes de verbas na universidade. A ocupação teve início no fim da noite desta quarta-feira (4) após assembleia entre os alunos. Pelo menos 100 universitários ocupam o prédio.
A estudante de Pedagogia Victoria Ferraro Lima Silva, de 21 anos, está entre os alunos da ocupação.
Segundo ela, o movimento também pede a criação de cotas raciais na Unicamp, a ampliação do número de vagas na moradia e de bolsas do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE).
“Eles anunciaram que farão cortes na faculdade de Educação, como verba de impressão para os estudantes e cortes na contratação de professores. Além disso, a gente pede a aprovação de cotas raciais na graduação, mas principalmente a ampliação da política de permanência.
A Unicamp anunciou que no último vestibular entraram muitos estudantes de escola pública e negros. Porém, não adianta se esses alunos não conseguem permanecer na universidade”, explica Victoria.
Atualmente, a moradia estudantil da Unicamp conta com 940 vagas, segundo o Diretório Central dos Estudantes. O movimento da ocupação pede que sejam disponibilizadas ao menos 3 mil vagas, o que refletiria 10% do total de alunos da universidade.
O DCE apoia ainda que o corte de verbas das faculdades seja feito em outros setores, como nos salários dos professores e dos funcionários da reitoria.
Além da faculdade de Educação, estudantes do Instituto de Artes (IA) e o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) também estão paralisados.
O DCE informou que a Unicamp pretende cortar 25% da verba de cada faculdade e dos institutos.
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