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A violência sexual contra as mulheres é uma realidade persistente no Brasil. De acordo com o Mapa da Violência 2012, promovido pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, duas em cada três pessoas atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) em razão de abusos domésticos ou sexuais são do sexo feminino. Entre agosto de 2010 e janeiro de 2012, a Emergência Gineco-Obstétrica do Imip recebeu 25 pacientes que haviam sido abusadas sexualmente. Um estudo realizado com essas mulheres pela Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) revelou um dado preocupante. Apenas 12% delas retornaram aos serviços psicológicos e ginecológicos da unidade. No total, foram apenas três. A maioria das pacientes é procedente da Região Metropolitana do Recife e 40% do total tinham de 10 a 14 anos.

A pesquisadora responsável pelo estudo, a médica Emanuelle Valente, atribui esse dado a diversos fatores, como constrangimento e medo de reviver a agressão. “O acompanhamento é muito importante para as mulheres vítimas da agressão sexual. Nós podemos concluir o tratamento delas e evitar possíveis doenças ou traumas”, afirmou. Se o primeiro atendimento for realizado antes de se completarem 72 horas do estupro, pode ser feito um tratamento afim de evitar infecções genitais e uma higienização para evitar o vírus HIV, além de poderem ser tomados remédios contra a gravidez indesejada e vacinas para doenças sexualmente transmissíveis, como a Hepatite B.

“A violência também é um problema ligado ao profissional da saúde, já que um dos seus papéis é a prevenção”, disse a médica. Para ela, a partir do resultado desta pesquisa, os profissionais deverão se capacitar mais. “Eles terão papel de educadores, explicando e incentivando as mulheres na continuidade do tratamento”, disse. Das 25 pacientes, quatro necessitaram de internamento e, destas, três realizaram a interrupção legal da gestação. A violência foi cometida por agressor desconhecido da mulher em 62,5% dos casos. Nos demais, o agressor tinha algum vínculo com a vítima (era vizinho, namorado, primo, colega, etc). A relação sexual foi consentida por 30% das vítimas com idade inferior a 14 anos. 

NÚMEROS

Apenas 12% das mulheres vítimas de violência sexual voltaram ao Imip após o primeiro atendimento

A violência foi cometida por agressor desconhecido da mulher em 62,5% dos casos

 

Das 25 pacientes, necessitaram de internamento e, destas, realizaram a interrupção legal da gestação