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Acidente graves são rotina nas estradas da região de Manhuaçu

 A morte de um motociclista na BR-262, na Ponte da Aldeia, na tarde de quarta-feira, 18, coincidiu com a divulgação de um número alarmante. Manhuaçu figura como campeã em mortes de crianças e adolescentes em acidentes de trânsito no estado de Minas Gerais. A liderança macabra foi divulgada no relatório do Mapa da Violência 2012, estudo feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos e pela Flacso Brasil.

Os acidentes de trânsito contribuem para as causas de mortes de jovens em Minas e no país. Na última década, o salto foi de 39,9% no Estado. A média nacional foi de 14,7%. Manhuaçu é a cidade mineira que mais vidas são perdidas em colisões e outras ocorrências de tráfego. No ranking nacional, a cidade é a 15ª do Brasil. A taxa é de 29,3 óbitos por grupos de 100 mil habitantes com idade entre 0 e 19 anos.

O grande vilão para as mortes em Manhuaçu é conhecido da população. A existência de duas perigosas rodovias federais cortando o município: as BRs 262 e 116.

A dona de casa Maria do Carmo, 50 anos, não esquece o trágico acidente numa curva da BR-262, entre Manhuaçu e Reduto, que custou a vida de seu filho mais novo Renato do Carmo, 17 anos. O jovem estava na garupa de uma moto que bateu em um cavalo. “Ele voltava de um jogo de futebol de carona com um amigo. Estava escuro e, por isso, não devem ter visto o animal”, lamenta.

No mês passado, um grupo de estudantes que todos os dias percorre a BR-262 para estudar na Fadileste em Reduto fez um protesto cobrando das autoridades mais segurança. “Queremos o fim da carnificina”, diz o policial militar e estudante de Direito José Delôgo Júnior. “Cerca de 90% dos alunos de faculdades precisam enfrentar essa estrada”, afirmou. Os protestos foram motivados pela morte do colega de curso deles, o soldado Fabrício Leandro Garcia, que morreu em um acidente perto de Martins Soares.

Apesar da eficiência do Corpo de Bombeiros, a fiscalização da Polícia Rodoviária Federal e a boa estrutura da Unidade de Pronto Atendimento e o Hospital César Leite, os números assustam. A cidade não passa um dia sem atendimentos a feridos em acidentes nas rodovias.

Segundo o Secretário de Saúde de Manhuaçu, Dr. Luiz Prata, acidentes com motos têm aumentado significativamente. “É um meio de transporte barato. Temos verificado o aumento de atendimento a jovens com politraumatismos”, informou.

MANHUAÇU É A OITAVA EM ATENDIMENTOS NO SUS

A violência contra crianças e jovens com 0 a 19 anos avança e parece não dar sinais de trégua em Minas Gerais. Três cidades mineiras estão entre os dez municípios brasileiros com maior número de atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para esta faixa etária, vítimas de agressões diversas e de abuso sexual.

Manhuaçu aparece em oitavo lugar. Segundo os dados, em 2011, foram 281,9 atendimentos para cada grupo de cem mil jovens de 0 a 19 anos. O número leva em conta a proporção, já que o IBGE calcula que a população de Manhuaçu nessa faixa etária é de 27.300 habitantes. A cidade de Lavras, no Sul do estado, é a quinta no ranking nacional, seguida por Poços de Caldas. Ferraz de Vasconcelos (SP) lidera as estatísticas.

Conforme o balanço, os casos de agressões se concentram na residência das vítimas, principalmente para os que têm até 15 anos. Os estupros representam 59% dos atendimentos de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Pais e padrastos são apontados como os principais suspeitos pelos crimes.

Para o conselheiro tutelar de Lavras, João Paulo Santos, o maior desafio é proteger crianças da influencia do tráfico de drogas. “Temos problemas de agressões, de violências diversas, mas nada se equipara ao consumo de crack”, lamenta.
A conselheira tutelar de Poços de Caldas, Lucimara Simões, lamenta a incidência de casos de agressões a crianças no município e confirma as ocorrências. O período de férias, segundo ela, é de apreensão, visto que a maioria das crianças para mais tempo em casa. “O período de férias é de multiplicação de ocorrências. Nesta semana, tivemos dois casos de mães que saíram para trabalhar e deixaram crianças sozinhas”, diz.

Procurada a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) informou que, apesar do crescimento de 106% nas taxas de assassinatos, entre jovens de 0 a 19 anos, Minas se mantém na 20ª posição no ranking nacional. “Dessa forma, é o oitavo Estado com menor índice de jovens assassinados no país”.

Conforme a SEDS, os dados divulgados serão analisados. Para enfrentar o aumento, novos investimentos em programas e ações para prevenção da criminalidade serão planejados.

Renato Fonseca / Daniel Antunes – Jornal Hoje em Dia