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O crescente número de mortes no Brasil foi escancarado na divulgação recente do Mapa da Violência 2012, estudo realizado pelo Instituto Sangari.  O estudo aponta uma realidade alarmante para os paranaenses e também toledanos. Na questão violência no trânsito, o Paraná e o município de Toledo figuram estatísticas preocupantes. Na avaliação entre os estados, o Paraná aparece na 5º colocação com maior taxa de óbitos registrada em acidentes de trânsito.

Já no estudo sobre violência entre crianças e jovens, no aspecto trânsito, Toledo figura tristemente com a 10º colocação entre 100 municípios brasileiros com mais de 20 mil em população de crianças e adolescentes com idade entre 1 e 19 anos de idade, com as maiores taxas de mortalidade de crianças e adolescente por acidentes de transporte. Dado esse revelado pelo Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil, estudo feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso-Brasil).  Segundo a pesquisa, das dez cidades que apresentam a maior taxa de óbitos neste grupo com faixa etária entre 1 e 19 anos, estão a frente de Toledo o município de Francisco Beltrão (2º),  Cianorte (3º),  e Paranavaí (6º).  Resguardas as proporções que o estudo se ampara, acende-se uma luz vermelha as autoridades locais para investigar mais a fundo essa realidade apontada pelo estudo nacional. O estudo afirma que jovens e crianças estão morrendo em Toledo, uma das causas pode ser o uso de motocicletas entre os jovens, mas será que somente esse fator vem engrossando as estatísticas de acidentes no município? Resposta essa que precisa ser buscada pelas autoridades locais.

O Mapa da Violência 2012 revela ainda que o Paraná subiu três colocações no ranking dos estados com o trânsito mais violento entre 2000 e 2010. Da oitava colocação, passou a ter a quinta maior taxa de óbitos registrados em acidentes de trânsito. O retrato da violência nas ruas e estradas brasileiras aponta um total de 40,9 mil mortes em acidentes de trânsito no Brasil em 2010. Em comparação com 2000, o crescimento foi de 41,4%. Ao considerar a taxa de óbitos, número de mortes a cada 100 mil habitantes, verificou-se um aumento de 25,8%. De um índice de 17,1, o país subiu para 21,5. No Paraná, as mortes no trânsito cresceram em ritmo ainda mais acelerado no mesmo período – a taxa passou de 25,8 para 32,9, um incremento de 27,3%. O total de mortes subiu 39%.

O estudo indica ainda o perfil dos acidentes. Se na década passada eram largamente preponderantes as mortes de pedestres, em 2010, as mortes de motociclistas ultrapassaram as das restantes categorias, representando praticamente 1/3 das mortes no trânsito. E a tendência é a de continuar crescendo. Na atualidade, as motocicletas constituem o fator impulsor de nossa violência cotidiana nas ruas, fato que deve ser enfrentado com medidas estratégicas adequadas à magnitude do problema. Em um trânsito que figura entre os mais violentos do país, motociclistas e ciclistas paranaenses aparecem na linha de frente dos óbitos. Segundo os indicadores do Mapa da Violência 2012, o Paraná é o segundo estado em número absoluto de mortes envolvendo veículos de duas rodas. Em 2010, foram 996 óbitos relacionados a motos e 187 envolvendo bicicletas.

O uso maciço da motocicleta é um fenômeno relativamente recente. Segundo o próprio Denatran, ainda em 1970 era um item de baixa representatividade: num parque total de 2,6 milhões de veículos, só existiam registradas 62.459 motocicletas: 2,4% do parque. Já em inícios da década analisada, no ano 2000, temos 4 milhões, o que representa 13,6% da frota total do país. Para 2010, o número pula para 16,5 milhões, representando 25,5% do total nacional de veículos. o que realmente impressiona é o ritmo de crescimento do número de motocicletas. Nos anos iniciais da década 2000/2010, esse ritmo foi em torno de 20% ao ano, ultrapassando largamente o propalado crescimento dos automóveis. Se entre 1998 e 2010 a frota de motocicletas cresceu 491,1%, isto é, quase seis vezes, a de automóveis só cresceu 118%, duplicando seu número, mas com ampla divulgação da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – e cobertura da imprensa a frota de motocicletas cresceu 491% no período, as mortes de motociclistas cresceram 610%. Em outras palavras: 491% do incremento da mortalidade devem-se ao aumento drástico da frota de motocicletas.

Em Toledo, o diagnóstico da Secretaria de Segurança e Trânsito do município sobre a crescente dos acidentes no trânsito também aponta as ‘duas rodas’ como a vilã na causa dos acidentes.

O município de Toledo possui aproximadamente 19 mil motocicletas e motonetas contra 35 mil automóveis registrados e que circulam nas ruas da cidade, segundo dados da Polícia Militar. Esse número revela não só a ‘invasão’ das motos nas ruas, mas também reafirma a estatística dos acidentes de trânsito que vem vitimando condutores. Dados do relatório do Polícia Militar sobre as vias com o maior índice e horários frequentes de acidentes em Toledo aponta que em mais de 70% dos acidentes na cidade há o envolvimento de motociclistas, sendo que um das maiores causas de acidentes é o excesso de velocidade.

Outro fator que influencia diretamente na ocorrência dos acidentes em Toledo é a falta de atenção a sinalização nos cruzamentos. Segundo a Secretaria de Segurança e Trânsito 66,92% dos acidentes de trânsito aconteceram em cruzamentos no Município de Toledo somente em junho. O mês ainda foi o que apresentou o maior índice de acidentes em relação aos anteriores. O segundo maior foi em março com 62% e o terceiro em janeiro, 60%. O secretário de segurança e trânsito, João Crespão, explica que outros motivos que podem ocasionar os acidentes são: o excesso de velocidade e a falta de atenção no trânsito.

No primeiro semestre deste ano aconteceram 62 acidentes na avenida Parigot de Souza, via que mais apresenta número de acidentes. Em seguida aparece a avenida Maripá (32); rua São João (26); rua Senador Atílio Fontana (25); avenida Ministro Cirne Lima (23) e, por último, rua Dom Pedro II com 21 ocorrências. A avenida Parigot de Souza  ainda é responsável pelo maior número de acidentes nos cruzamentos: com a rua São João, totalizou 12 ocorrências e com a rua Barão do Rio Branco foram 8 acidentes.

Outro elemento decisivo é o horário. A maioria dos acidentes de trânsito acontece no período de 11h – 19h, período em que as pessoas se deslocam para suas residências, trabalho ou faculdade, somado a fator horário de pico a pressa, uso de celular e imprudências  ‘colaboram’ para que os acidentes aconteçam.  A Secretaria registrou 119 acidentes de trânsito das 17h às 19h. O segundo período com o maior número de ocorrências é das 11h às 13h, totalizando 99 acidentes e, na sequência, das 13h às 15h, somando 98 acidentes. Segundo dados da Secretaria Municipal, foram registradas no primeiro semestre 11 vítimas fatais, sendo três no local do acidente e oito posteriores ao acidente.