Mapa da violência divulgado ontem também analisa óbitos em outros tipos de acidentes e também por homicídios
O Paraná aparece em primeiro lugar entre os estados brasileiros na taxa de mortes de crianças e adolescentes por acidentes de transporte. A taxa paranaense em 2010 era de 15 mortes para cada gupo de 100 mil pessoas na faixa etária avaliada. O resultado faz parte da nova edição do Mapa da Violência, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz e editado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e o Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela). O estudo é exclusivo sobre morte de crianças e adolescentes.
Os dados mostram que o Paraná viu sua taxa deste tipo de óbito subir em uma década. Em 2010 o Paraná tinha taxa de 12,4 por 100 mil. Naquele ano ocupava a quarta colocação entre os entes federados. O primeiro colocado no começo do século era Santa Catarina, que agora ocupa a sexta posição. Em números absolutos, o Estado teve um acréscimo de 8% no números de casos registrados. Em 2000 foram 460 ocorrências, contra 497 em 2010.
Entre as capitais, o estudo mostra que Curitiba fez o caminho inverso, reduzindo seus números em uma década. Em 2000, a Capital apresentava uma taxa de 14,4 casos para cada grupos de 100 mil. Em 2010 foram 9,4. O relatório chama a atenção também para as mortes no trânsito no País. Entre 2000 e 2010, a taxa de mortalidade de jovens de 15 a 19 anos no trânsito cresceu 376,3% (de 3,7 para 17,5 casos em 100 mil).
“Faltam melhorias na infraestrutura. Quando analisamos os dados, percebemos que os países com mais mortes no trânsito têm também piores estradas. São mortes evitáveis”, destaca o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, afirmando que as autoridades públicas têm, elas próprias, participação nessas mortes, ao se omitirem.
Homicídios – O estudo também analisou as ocorrências de homicídios entre os jovens, e também verificou uma alta no País. Neste quesito, o Paraná também viu seus números dispararem, ainda que não figure entre os primeiros colocados. Em 2000, foram 310 casos no Estado, com taxa de 8,4 para cada grupo de 100 mil. Dez anos depois, os casos mais que dobraram, atingindo 623 ocorrências em 2010, ou taxa de 18,8.
As elevadas taxas de homicídio, segundo o coordenador do estudo, o pesquisador argentino Waiselfiz, mostram uma triste realidade: o Brasil e os países da América Latina são sociedades violentas. Em um ranking de 92 países do mundo, apenas El Salvador, Venezuela e Guatemala apresentam taxas de homicídio maiores que a do Brasil (44,2 casos em 100 mil jovens de 15 a 19 anos).
Segundo o pesquisador, o crescimento dos dados guarda ao menos uma boa notícia: a melhora da cobertura médica legal. “Dados da OMS [Organização Mundial da Saúde] dão conta de que tínhamos, até os anos 90, algo em torno de 20% de óbitos que não eram registrados. Os corpos desapareciam, algumas vezes em cemitérios clandestinos. Hoje a estimativa é de um recuo neste índice, para 10%”, afirmou.
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