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Era uma tarde de diversão. A.L., 12 anos, brincava com os amigos num parque do bairro de Santo Amaro, área central do Recife, onde mora com o pai e dois irmãos. Com o barulho de tiros, correu para casa. A cena, ainda comum, ficou na memória. Apesar da pouca idade, ele sabe que o bairro pobre convive com a violência. Não é por isso que deixa de sonhar. “Vou ser jogador de futebol.” Talvez A.L. nem saiba, mas, quando completou oito anos, em 2008, a realidade de Santo Amaro – seguindo a tendência do estado – começou a mudar.

Pernambuco teve quedas drásticas no número de homicídios de crianças e adolescentes. A pesquisa Mapa da Violência 2012, divulgada ontem, apontou que o estado reduziu em 20,4% as mortes na última década. O estudo analisa os crimes cometidos numa média para cada 100 mil habitantes. Pernambuco não foi o único do Nordeste a ter estatísticas positivas. Recife também deixou de ser a capital mais violenta do país. Está agora na quinta colocação.

O estudo do pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, publicado anualmente pelo Flacso Brasil, comprovou em números a eficácia do programa de segurança Pacto pela Vida, lançado em maio de 2007 pelo governo estadual, cuja meta é de 12% de redução dos índices de assassinatos em relação ao ano anterior. O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, não se surpreendeu com o resultado. “O planejamento estratégico adotado e aprimorado continuamente foi o fator fundamental. Neste ano não será diferente. Para se ter uma ideia, devemos fechar o mês de julho com a maior redução da história de Pernambuco”, destacou Damázio. Criação de delegacias especializadas, aumento da corporação policial e reuniões semanais com todos os comandantes foram algumas das ações adotadas pioneiramente no estado.

Em 2000, foram assassinadas 746 crianças e adolescentes. Dez anos depois, o número caiu para 594 em Pernambuco. A Bahia está entre os piores do Nordeste. Saltou de 203 para 1.172, ou seja, um aumento de 477%. “O trabalho conjunto com o Ministério público e o Poder Judiciário também contribuiu com o Pacto pela Vida. Mais mandados de prisão foram expedidos e processos julgados”, pontuou Damázio. Todas quintas-feiras os órgãos se reúnem para discutir melhorias no programa. Recife também celebra os resultados. Foram 276 assassinatos em 2000 contra 187 no ano de 2010, o que contabilizou uma redução de 32,2%.

Dos 92 países pesquisados pelo Mapa da Violência, o Brasil aparece em 4º lugar com maior índice de homicídios. Nas últimas três décadas, o número de homicídios no Brasil cresceu 346,4%. Suicídios também tiveram um crescimento de 38%. Em 1980, três crianças e adolescentes eram assassinados para cada 100 mil habitantes. Agora, esse número passou para 13,8.