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Medida anunciada por sindicato pode afetar os 3.731 estudantes que conseguiram vaga na federal

RIO – A coordenação local de greve do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Sintufrj) decidiu não realizar a inscrição dos estudantes aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) na instituição. A medida, divulgada no site da entidade, ameaça o registro dos 3.731 alunos aprovados, que devem se matricular nos próximos dias 19, 22 e 23 de junho. O Ministério da Educação informou que instituição tem que assegurar direito as inscrições.

A decisão tomada em assembleia nesta segunda-feira segue orientação do comando nacional de greve da Federação de Sindicatos dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). A UFRJ ainda não comentou o assunto.

De acordo com o técnico de anatomia e necropsia e coordenador de politicas sindicais do Sintufrj, Milton Madeira, a greve ainda está em processo de construção e estima-se que 60% da UFRJ esteja parada. Ele também adiantou que os funcionários dos departamentos responsáveis pela matrícula já sinalizaram a adesão.

– Vamos fazer piquetes para convencer um ou outro funcionário que queira trabalhar e já estamos trabalhando junto aos colegas para que não participem do processo – adiantou. – É lógico que pode acontecer de alguém furar. Mas, a priori, já temos um acordo

Madeira afirmou que uma das principais motivações por trás do ação é a falta de diálogo com o governo federal.

– Já enviamos cinco ofícios aos ministérios da Educação e do Planejamento, mas até agora não tivemos uma negociação efetiva. As pastas alegam que não apresentamos contraproposta, o que mostra uma falta de compromisso com a categoria.

Sobre a situação dos alunos que terão as matrículas suspensas, Madeira afirma que eles não perderão as vagas e alega que a mobilização é a favor deles também:

– A nossa luta visa a garantir aos alunos que entrem numa universidade que tenha residência de qualidade, professores comprometidos com a educação pública e um corpo técnico administrativo que não seja terceirizado. Não adianta o aluno acessar a universidade e não ter um banheiro limpo, por exemplo.

A orientação da Fasubra é para que os procedimentos relativos ao Sisu sejam suspensos em todas as universidades federais em greve no país, onde houver matrículas presenciais. A medida, de acordo com a entidade, vale enquanto o governo não receber o comando nacional com uma contraproposta às reivindicações encaminhadas para pôr fim ao movimento de greve.

Segundo o diretor da Fasubra, Mario Junior, 65 universidades estão em greve atualmente. Porém, ainda não há um levantamento sobre quantas vão aderir à suspensão do Sisu, já que os calendários e procedimentos variam conforme a instituição.

– Estamos em processo de levantamento de dados para saber quantas vão aderir – disse.

Segundo ele, apesar do curto prazo, se o governo abrir uma negociação efetiva, a decisão pode ser suspensa.

– Não queremos que a greve seja longa. Quanto antes o governo apresentar uma proposta, melhor.

A greve nacional dos técnicos-administrativos em educação foi deflagrada no dia 28 de maio. Os trabalhadores da UFRJ pararam no dia 29 de maio.

O Sintufrj informou que a suspensão das matrículas também foi decida em solidariedade aos estudantes em greve por melhoria nas políticas de assistência estudantil.

Por meio de nota, o Ministério da Educação (MEC) informou que, ao participarem do Sisu, as instituições têm que assegurar o direito do estudante à matrícula. Dessa forma, segundo a pasta, os aprovados não podem ser prejudicados.

“O MEC tem acompanhado de perto essa questão e informamos que, até o momento, não tivemos qualquer informação de que as matrículas de estudantes participantes do Sisu estejam, de alguma forma, afetadas pela greve na UFRJ.”

O ministério lembrou que uma situação semelhante já foi registrada anteriormente. Na ocasião, a própria UFRJ resolveu o quadro com matrícula on-line dos estudantes selecionados, com comprovação documental posterior.

“Cabe lembrar ainda que a lei determina que 30% dos funcionários têm que trabalhar durante a greve. A instituição precisa garantir isso”, finaliza a nota.