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Reitoria já congelou parte das contratações de técnicos e reduziu a quantidade de horas extras

Unicamp já prevê terminar o ano com déficit de R$ 82,8 milhões Unicamp

Unicamp já prevê terminar o ano com déficit de R$ 82,8 milhões
Unicamp

Com o agravamento da crise econômica, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já prevê terminar o ano com déficit de R$ 82,8 milhões. O orçamento da instituição é de cerca de R$ 2 bilhões. Para frear o ritmo de gastos, a reitoria já congelou parte das contratações de técnicos e reduziu a quantidade de horas extras. A Comissão de Orçamento e Patrimônio da Unicamp recomendou novas medidas de contenção.

A estimativa de déficit consta da revisão orçamentária da Unicamp, de abril. No orçamento original, não era previsto déficit. O valor ainda deve aumentar se for considerado o reajuste de professores e funcionários, que começa a ser debatido depois de amanhã. O cálculo não levou em conta projeções de aumento para as categorias.

Ao sugerir medidas extras de corte de despesas, a comissão prevê cenário de desaquecimento econômico, aumento de inflação e de tarifas públicas. As medidas já adotadas geram economia de cerca de R$ 18,5 milhões em 2015, o que não será suficiente para equilibrar as contas. A reitoria informou que as novas ações ainda serão estudadas pelos órgãos técnicos.

A principal fonte de verbas da Unicamp é uma cota de 2,19% da arrecadação estadual do Imposto sobre ICMS (Circulação de Mercadorias e Serviços). No orçamento inicial, a reitoria diz que se baseou na previsão do governo para a coleta desse imposto feita na Lei Orçamentária Anual. Como os números não têm se confirmado, agora há previsão de déficit.

No ano passado, quando a crise financeira das universidades estaduais veio à tona, o déficit da Unicamp foi de R$ 35,1 milhões. O orçamento também era de cerca de R$ 2 bilhões.

O maior problema das universidades estaduais é o elevado comprometimento das verbas repassadas pelo Estado com a folha de pagamento. O montante foi de 92,96% na Unicamp, na média de janeiro a abril.

O pior quadro é o da Universidade de São Paulo (USP), que teve comprometimento de 100,02% no último quadrimestre e recorre a suas reservas. O déficit previsto pela USP é bem maior: R$ 988 milhões, com um orçamento de R$ 4,8 bilhões.

Briga salarial

Professores e técnico-administrativos das estaduais temem que a crise dificulte a negociação salarial com os reitores. Eles pedem correção inflacionária para o último ano, de cerca de 8% – mais 3%.

O conselho de reitores ainda não revelou a proposta e tem adotado discurso de cautela. No orçamento da USP, a indicação era de 4,8%, valor que era previsto para a inflação do período. Como tem quadro mais grave, as contas da USP pesam mais na decisão conjunta de reajuste das três estaduais.

Em 2014, os reitores queriam congelar os salários como medida anticrise. Docentes e funcionários fizeram uma greve de mais de 110 dias e conseguiram a correção inflacionária.

Governo estadual

Em 2014, os três reitores pediram aumento da cota de ICMS dada às três universidades – de 9,57% para 9,907%. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, ponte entre o governo e as universidades, informou que um eventual aumento cabe ao Legislativo.

A pasta disse ainda que “não é favorável ao reajuste pleiteado”, uma vez que as estaduais paulistas recebem o “maior repasse do mundo às universidades públicas gratuitas de ensino superior”. As universidades justificam o pedido de mais verbas com a expansão de vagas feitas na graduação desde 2001.