O consumo de álcool puro no Brasil, por pessoa, é de 6,9 l por ano. A média fica acima da ingestão da América Latina – 5,5 l – e abaixo do registrado na Europa – 13 l – e nos Estados Unidos – 9,8 l. O estudo inédito feito pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e financiado pela Cerveceros Latino-Americanos foi divulgado nesta quinta-feira.
A pesquisa averiguou pela primeira vez, com base em enquetes nacionais realizadas em nove países latino-americanos, não só que percentagem da população consome álcool, mas quanto e como se bebe, o que representa uma informação totalmente nova. “Este âmbito é muito pouco explorado, inclusive nos países desenvolvidos, apesar da importância social que tem e que todo mundo reconhece”, disse o pesquisador Carlos Sojo, responsável pelo estudo.
De acordo com o levantamento realizado em El Salvador, República Dominicana, Costa Rica, Peru, Nicarágua, Venezuela, México, Colômbia e Brasil, seis de cada dez pessoas bebeu álcool pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores à enquete, realizada entre pessoas entre 18 e 65 anos. Nesse mesmo período, 15% da população em cada país, na média, foi abstêmia ou simplesmente nunca tinha bebido em sua vida.
“Este dado é importante porque existe uma percepção que todo mundo toma bebidas alcoólicas, o que não é certo. Além disso, existem importantes variações por países”, declarou Sojo ao apresentar os resultados centrais da pesquisa.
Por países, a Venezuela é o que consome mais litros (8,9 anuais por pessoa) e lhe seguem República Dominicana (8 l), Brasil (6,9), Colômbia (6,3), México (4,8), Nicarágua (4,2), Costa Rica (3,9), Peru (3,7) e El Salvador (2,6).
Pela perspectiva da população abstêmia, El Salvador lidera o ranking (38,9% da população), seguido do México (29,1 %), Nicarágua (23 %), Costa Rica (17 %) e Brasil, onde 10,9 % dos consultados declarou que não consome qualquer tipo de bebida alcoólica. Sojo comentou que grande parte da diferença entre países se explica pela incorporação das mulheres ao grupo consumidor, embora se trate de um fenômeno menos destacado na América Central e no México com relação à América do Sul e ao Caribe.
No entanto, o consumo de álcool é claramente um hábito “masculino”, pois os homens tomam em geral quatro vezes mais que as mulheres. Outro dado fornecido pelo estudo é que, do total da população, a grande maioria (75%) ou não bebe nada ou consome quantidades que estão abaixo do nível de risco declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que fica em 40 gramas de álcool puro para as mulheres e 60 gramas para os homens. Estas quantidades são superadas de maneira ocasional ou muito frequente por 25% da população restante, da qual 20 % sofre um risco ocasional de superar a medida de risco e 5% enfrenta um risco alto em longo prazo.
A pesquisa determinou igualmente que, por idades, o grupo de maior consumo é o de 25 a 34 anos e, quanto maior é o nível socioeconômico e educativo, mais se bebe.
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