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É com enorme pesar que comunicamos o falecimento do professor Ennio Candotti (81 anos), um dos principais líderes científicos do país. Candotti nasceu na Itália em 1942 e se mudou para o Brasil com a família aos 10 anos. Formou-se em física pela Universidade de São Paulo e deu continuidade aos estudos em universidades na Itália e Alemanha. Retornando ao Brasil, foi professor em diversas universidades brasileiras e quatro vezes presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sendo também intitulado como um de seus presidentes de honra. Como reconhecimento por seu importante papel na divulgação científica recebeu, em 1998, o prêmio Kalinga, da Unesco.

Em 2007, durante uma reunião da SBPC em Belém quando exercia seu último mandato, sugeriu ao então governador do Amazonas a criação de um museu vivo e imersivo dentro da floresta, onde as coleções e objetos expostos fossem a própria biodiversidade. Dois anos depois, foi criado o Museu da Amazônia (MUSA), em Manaus, tendo Ennio Candotti como um de seus principais idealizadores e seu diretor desde então. Apaixonado pela Floresta Amazônica, suas populações e conhecimentos, foi incansável na promoção e defesa de seu rico patrimônio natural e cultural. Conforme apresentação no site do MUSA: “Somos uma casa de cultura e ciência, de convivência e celebração da diversidade do ser no mundo. Um lugar onde os humanos e não humanos vivem juntos, felizes.”

Em agosto deste ano tivemos a honra de contar com a presença de Ennio Candotti no seminário Amazônia Sustentável – contribuições das ciências sociais, do multilateralismo e da sociedade civil, realizado pela FLACSO, FUNAG, CEBRI e Plataforma Cipó no âmbito do evento Diálogos Amazônicos (Belém, PA). Ennio abrilhantou nosso seminário com suas ideias e seu carisma. Defendeu a expansão e interiorização das universidades públicas na Amazônia e apontou a juventude local – “jovens com raízes locais profundas e solidamente formados” – como o grande trunfo para a construção de um futuro diferente para a Amazônia. Ennio Candotti deixará saudades, mas seu entusiasmo e dedicação à ciência e ao conhecimento continuarão para sempre nos inspirando.