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O crime organizado no país é fruto direto do descaso do Estado com o sistema carcerário, segundo o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor da edição anual do Mapa da Violência. Essa avaliação se relaciona diretamente com a participação do Exército na varredura de presídios no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (21) após uma rebelião, no âmbito do decreto de Garantia da Lei e da Ordem decretado na cidade.

Waiselfisz, que é coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), situa o alcance desproporcional das organizações criminosas em eventos como o Massacre do Carandiru, em São Paulo, no qual ao menos 111 presos foram executados pela polícia dentro da cadeia.“Diante de situações como estas, de graves violações dos direitos humanos, os presos tiveram que criar e fortalecer grupos de autodefesa, que hoje dominam a sociedade nos mais diversos níveis”, explica ele.O propósito das prisões, argumenta Waiselfisz, parece ser aumentar a criminalidade, ao invés de diminui-la. “No sistema carcerário brasileiro, botamos juntos o pequeno contraventor, que foi detido com duas gramas de maconha, e ele sai como criminoso, porque precisa se associar a alguma organização lá dentro”.
Ele ainda afirma que o Estado tem conhecimento de como funciona toda a estrutura, mas é incapaz de atuar para minimizar o problema. “Para sobreviver na prisão, no Brasil, você precisa entrar para o crime organizado. E o sistema de segurança sabe disso, mas não tem condições de encontrar uma forma de enfrentar a violência dos grupos armados”.
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