Partindo do fato ocorrido recentemente em Goiânia, onde um estudante matou dois colegas em sala de aula, Miriam Abramovay, coordenadora da área de Políticas Públicas e Juventude da Flacso Brasil reflete sobre as situações de conflitos nas escolas e alerta sobre as violências cotidianas que passam despercebidas.
Por Miriam Abramovay
A Flacso Brasil relata já há alguns anos, por meio de suas pesquisas sobre juventude, violência e convivência, situações nas escolas que envolvem conflitos e problemas entre todos os atores sociais, ou seja, estudantes, professores, direção etc.
Apesar do lamentável fato ocorrido recentemente em uma escola de Goiânia, o que encontramos em nossas pesquisas por meio de extenso trabalho de campo, são situações-problema, onde as relações sociais são tensas, muitas vezes, pouco amigáveis e sem espaço de diálogo.
É evidente que o ocorrido não se deu unicamente porque o jovem teria sofrido “bullying” senão, quantos adolescentes repetiriam o mesmo gesto? Certamente, outras várias questões foram causadoras. Muito embora o ocorrido tenha um peso muito grande para chamar a atenção da mídia, são as violências cotidianas das escolas que passam despercebidas ou que são invisibilizadas que levam a situações de tragédia.
Em primeiro lugar, não há diagnósticos sobre a problemática. Parte-se de um sentido comum com nenhum grau de sofisticação e de análise mais aprofundada. A Flacso Brasil insiste na importância de respostas por meio de políticas protetoras que podem levar a um clima escolar que promova as interações sociais no intramuro das instituições e reforça a participação dos adolescentes e jovens, assim como a possibilidade de diálogo intergeracional.
Por esta razão, a Flacso vem desenvolvendo desde 2015 Programas de Diagnóstico e Planejamento Participativo de Violência e Convivência nas Escolas em parceria com Secretarias de Educação realizando levantamento de dados situacionais relacionados a fatores de riscos e de proteção nas escolas e nas comunidades, juntamente com propostas concretas de trabalho.
Acredita-se que esta é a única maneira da escola se apresentar como local protegido e de proteção, mais acolhedor e interativo evitando novas tragédias.
Acesse as pesquisas da Flacso sobre juventude e violência nas escolas:
Juventudes na escola, sentidos e buscas: Por que frequentam?
http://bit.ly/2h6jVg0 e http://bit.ly/2ldPSHJ
Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas: falam os jovens
http://bit.ly/29Wp4la
Conversando sobre violência e convivência nas escolas
http://bit.ly/2iY6MJM
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