Entre 2001 e 2013, total de alunos atendidos pelo Pibic subiu 67%. No mesmo período, matrículas no ensino superior subiram 104%.
Um estudo realizado por órgão ligado ao Ministério da Ciência mostra que o total de bolsas de iniciação científica cresceu abaixo do total de matrículas no ensino superior entre 2001 e 2013. Apesar do ritmo das bolsas não ter acompanhado a recente expansão do ensino superior, a iniciativa melhorou o desempenho de estudantes, de acordo com o estudo.
A pesquisa, além de mostrar o crescimento e a distribuição das bolsas, também avaliou seus impactos. A conclusão foi que estudantes universitários que recebem bolsas de iniciação científica têm melhor desempenho acadêmico, conquistam salários maiores no mercado de trabalho e chegam mais rápido ao mestrado e ao doutorado.
As conclusões fazem parte do estudo “A formação de novos quadros para ciência, tecnologia e inovação: avaliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do CNPq”, apresentado nesta terça-feira (25). O levantamento foi conduzido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
“A experiência prática da execução de um projeto de pesquisa, além de promover o aprendizado técnico, permite que o jovem estudante tenha de lidar diretamente com a complexidade da atividade científica, estimulando, dessa forma, a criatividade e o uso de métodos rigorosos na solução de problemas no exercício de sua futura profissão. Tudo isso com um investimento de R$ 400 mensais”, destaca o presidente do CGEE, Mariano Laplane.
Titulação
Os resultados do estudo mostraram redução no tempo de titulação do mestrado. De acordo com a pesquisa, o número de estudantes cujo intervalo entre a última bolsa Pibic e a conclusão do mestrado foi menor que 3 anos aumentou sistematicamente em relação ao grupo que demorou de 4 a 5 anos.
De acordo com a avaliação, o tempo de participação no programa tem forte influência sobre a conclusão do mestrado. A concessão de bolsas por curtos períodos não indica o mesmo efeito positivo de estímulo à continuidade dos estudos na pós-graduação, nem amplia a intenção de seguir na carreira científica.
Os resultados apontam que o Pibic também contribui fornecendo mão de obra qualificada para o setor industrial, um dos desafios postos para o país. O estudo indica que a proporção de mestres e doutores egressos do Pibic que se encontravam trabalhando, em 2014, na indústria de transformação foi de, respectivamente, 6,1% e 2,1%.
Apesar de pequena, essa proporção é maior que a de mestres e doutores em geral, respectivamente 4,9% e 1,4%.
No que diz respeito à remuneração, os resultados demonstram que os egressos do Pibic – mesmo isolados os efeitos das outras variáveis, como concluir a pós-graduação, idade, gênero, áreas do conhecimento – apresentaram uma remuneração um pouco maior, de 5%, quando comparados com os alunos que não foram contemplados pelo programa. A diferenciação maior na remuneração, no entanto, ocorrerá com a conclusão do mestrado e doutorado.
Crescimento das bolsas
O Pibic apresentou, entre 2001 e 2013, expansão do número de bolsas de 14,5 mil para 24,3 mil, um crescimento de 67%, representando 81% das bolsas de IC dadas pelo CNPq no final do período, contra 77% no início. Apesar de expressivo, o crescimento do Pibic (e do conjunto de bolsas IC e Pibiti) está aquém da expansão das matrículas de graduação no setor público (+104%) e de pós-graduação (+116%).
De acordo com as entrevistas realizadas, 67% dos bolsistas pretendem cursar a pós-graduação, seja com o mesmo projeto da IC ou com outro projeto. Esse padrão de respostas indica que o Pibic constitui, de fato, um poderoso instrumento para canalizar o interesse do estudante de graduação para a pós-graduação.
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