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Acadêmicos alegam que algumas cadeiras haviam sido canceladas por falta de espaço e que tentaram acordo com a companhia para compartilhar o local

Foto: Félix Zucco / Agencia RBS

Estudantes da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) protestaram, na tarde desta quinta-feira, contra a reintegração de posse de um prédio do Centro de Treinamento da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) onde eram ministradas aulas de seis cursos da instituição de ensino — incluindo Administração, Engenharia, Letras e Tecnologia em Automação. O grupo, de cerca de 20 pessoas, colocou classes no meio da Avenida Ipiranga, em frente ao prédio de Zero Hora, para bloquear o trânsito.

Segundo o estudante do sétimo semestre de Engenharia de Energia Guilherme Silva, 30 anos, o prédio localizado na Avenida Bento Gonçalves pertence à UERGS mas, em função da falta de pagamento de uma dívida com a CEEE, estava impedida de utilizar o espaço. A Companhia de Energia dispunha do imóvel para realizar cursos até novembro do ano passado.

— Pela falta de espaço no prédio central da Uergs, algumas cadeiras foram canceladas. Então, em janeiro, mandamos um ofício à direção da companhia solicitando o uso do prédio para termos aula — explicou Guilherme.

— Propusemos até um acordo para compartilharmos o local, mas não houve consenso — completou Thiago Bender, 28 anos, também acadêmico de Engenharia de Energia.

Ocupado desde 21 de março por pelo menos 15 alunos, que contam com o apoio dos professores que ministravam as aulas no local, o prédio foi evacuado pela Brigada Militar na manhã desta quinta-feira.

— Fomos coagidos a sair. Eram 50 policiais contra 15 estudantes, então não houve resistência de nossa parte — relata Guilherme. — Nosso medo agora é como vai ficar essas aulas, se vão cancelar as cadeiras.

O movimento — que tem apoio da Associação dos Docentes da Uergs (Aduergs), Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro), servidores da CEEE, CUT, entre outras forças sindicais — pede que o governo do Rio Grande do Sul dê mais atenção à educação e à universidade estadual, e é contra a privatização da companhia.

Em resposta à reportagem, a CEEE afirma que o prédio é de propriedade da companhia e que não estava à disposição da Uergs. A instituição também afirma que os estudantes invadiram o local e que a reintegração de posse foi realizada de acordo com uma determinação da Justiça. Os próximos passos, segundo a empresa, são a verificação de equipamentos e mobiliário e a retomada da agenda de cursos que realiza no local. A CEEE diz estar aguardando uma audiência com o Judiciário para discutir a possibilidade do uso compartilhado do imóvel.