Cartaz com a imagem de ativista foi pichado no banheiro da faculdade.
Professor informou que foi feito denúncia à ouvidoria da universidade.
Os alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru (SP) se depararam novamente com pichações racistas na faculdade. Em um dos banheiros da central de salas, a parede foi pichada com um símbolo nazista feita sobre um cartaz contra o racismo com a imagem de Angela Davis, uma ativista que luta contra a discriminação social e racial.
Segundo o professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, coordenador do Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão (Nupe), vários cartazes foram espalhados na universidade como uma política de valorização à cultura negra. “Eu acredito que mais uma vez é uma provocação a esse coletivo que é muito ativo. Uma reação ao sucesso que esses coletivos tem tido na universidade.”
O professor Juarez informou que será registrado boletim de ocorrência e que uma denúncia foi feita à ouvidoria da universidade. “Deve responder institucionalmente. Nós temos denunciado e não podemos descansar de tomar essa medida”, afirma o professor.
Pichações
Em julho de 2015, pichações racistas foram encontradas contra mulheres negras e também contra o coordenador do núcleo negro da universidade para a pesquisa. Nas paredes de banheiros masculinos foram escritas frases de ofensa às mulheres negras e também ao professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, coordenador do Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão (Nupe).
Ele se manifestou, em entrevista à TV TEM, sobre as ofensas. “É lamentável essa situação justamente agora que estamos criando condições para possibilitar a presença maior da diversidade e da multiculturalidade dentro da universidade. Nós somos a universidade aqui do estado de São Paulo que adotou as cotas para negros, pardos e indígenas, além dos estudantes de escolas públicas, então deve aumentar a miscigenação dentro da universidade, então, dentro desse contexto, uma atitude dessa é muito negativa”, declarou.
As ofensas também falavam das mulheres negras que estudam na universidade. “A gente tem um fato que possa explicar essa agressão. Muitos coletivos foram criados nos últimos dois anos na universidade, de mulheres, homoafetivos, negros, que promovem debates sistemáticos, semanais, com o objetivo de tentar diluir o preconceito contra esses grupos dentro da universidade, então eu acredito que a emergência desses grupos possa ter estimulado esse tipo de atitude”, afirma Juarez.
Quinze dias depois, símbolos nazistas foram desenhados nos cartazes onde um grupo de alunos havia manifestado o repúdio às frases racistas pichadas há duas semanas.
Em novembro de 2015, mais um banheiro foi alvo de pichações racistas, homofóbicas e machistas. Nomes de alunos que participam de um coletivo feminista na faculdade estavam pichados na porta, seguidos de ofensas.
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