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Vagas serão disponibilizadas por meio de programa de Ação Afirmativa.
Mato Grosso possui 68 comunidades quilombolas certificadas.

Lídia Nunes Fernandes diz que pretende cursar música (Foto: Reprodução/TVCA)

Lídia Nunes Fernandes diz que pretende cursar música (Foto: Reprodução/TVCA)

A partir de 2017, alunos de comunidades quilombolas terão vagas na Universidade Federal Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) por meio do Programa de Ação Afirmativa. Segundo a instituição de ensino, os estudantes quilombolas terão direito a 100 vagas, que serão distribuídas entre todos os cursos.

Existem hoje 68 comunidades quilombolas identificadas e certificadas pela Fundação Cultural Palmares do Ministério da Cultura no estado, além de outras 30 que lutam pelo reconhecimento do título.

Na comunidade quilombola de Mata Cavalo, localizada em Nossa Senhora do Livramento, a 42 km distante de Cuiabá, a notícia das ações afirmativas foi recebida como uma conquista. Segundo a presidente da comunidade, Arlete Pereira Leite, as pessoas são muito humildes, vivem da agricultura familiar e não podem pagar os estudos dos filhos.

“Nossos alunos não têm dinheiro, os pais vivem do que se planta e se vende. Então não têm condições mesmo de estudar em uma escola particular. Nosso objetivo era era entrar na UFMT e conseguimos”, afrmou.

Lídia Nunes Fernandes é uma das estudantes da comunidade que pretende ingressar na universidade no próximo ano. Lídia sonha em cursar música. Ela canta desde criança e há dois anos viaja para a capital para estudar violão e violino. “Eu quero ser professora de musica. Já comecei desde agora e quero continuar. Quero fazer licenciatura em música ou então bacharelado”, contou.

Segundo Matheus Henrique Pinho da Silva, que também é estudante na comunidade, conta que, apesar do preconceito, o sonho de fazer faculdade parece mais próximo. “Hoje existe muito preconceito, dizem que você não vai conseguir, que você vai ser julgado e maltratado porque você é negro”, afirmou.

 “Já ouvi muito isso: O que você pretende fazer lá? Eu pretendo estudar e mostrar que eu consigo. Eu vejo em cada olhar, de cada aluno, que eles querem”, disse Matheus.

O novo programa da universidade renovou as esperanças de mais uma moradora da comunidade, a estudante Maria Josefina dos Santos, de 30 anos. Ela explica que, mesmo com as dificuldades de distância e falta de internet na comunidade, está cursando letras à distância, mas que sempre teve o sonho de estudar psicologia.

“Nós somos capazes também e somos iguais a qualquer outro. Eu perdi a oportunidade de fazer psicologia, mas com essa nova chance, se as portas se abrirem para mim, eu quero fazer psicologia”, conta Maria Josefina.

De acordo com a pró-reitora de assistência estudantil, Myrian Serra, Os quilombolas farão um vestibular especial, semelhante ao realizado pelos indígenas. As vagas oferecidas a eles não serão as mesmas das cotas que são disponibilizadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Existe na universidade a lei das cotas com reserva de 50% das vagas para estudantes de escola pública, pretos, pardos, indígenas e de baixa renda. Além disso, a UFMT também reconhece a necessidade de criar um outro programa de ação afirmativa para os  estudantes quilombolas, assim como o programa de ação afirmativa para indígenas”, explicou a pró-reitora.