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Estudantes protocolaram nesta quinta pedido de suspensão da liminar.
Na internet, alunos se mobilizam contra um possível uso de força policial.

Aluno que ocupa prédio da reitoria da Unicamp coloca cartaz (Foto: Reprodução EPTV)


A Unicamp encerrou as negociações com os estudantes do movimento Ocupa Unicamp e decidiu lutar pela reintegração de posse do prédio da reitoria, invadido na noite de 10 de maio. No último dia 17, a universidade protocolou uma petição na 2ª Vara da Fazenda Pública de Campinas (SP) solicitando o cumprimento do mandado de reintegração obtido em 11 de maio.
Na ocasião, o juiz Wagner Roby Gidaro havia pedido a ação deveria ser precedida de “tentativa de consenso com os invasores”, mas segundo comunicado da universidade, a reitoria “esgotou todas as oportunidades de diálogo e negociação com os estudantes”. Do outro lado dessa batalha, a Central de Estudantes protocolou às 5h35 desta quinta-feira (23) um pedido de suspensão da liminar. A decisão final deve ser expedida nos próximos dias.
 

Alunos participam de protesto realizado por funcionários da Unicamp em greve (Foto: VC no G1)


Negociação
De acordo com a reitoria da Unicamp, foram realizadas seis reuniões com os alunos. No último encontro, ocorrido dia 15 de junho, a Comissão da Unicamp apresentou um documento na tentativa de firmar um compromisso para a desocupação do prédio.
Segundo a universidade, o texto atende à maioria dos itens da pauta estudantil. Os integrantes do movimento Ocupa Unicamp, no entanto, discordam da afirmação.
Em comunicado divulgado na internet, os alunos alegam que “diversos pontos das pautas estudantis não foram discutidos, como o acesso das terceirizadas à biblioteca e ao restaurante universitário e a punição aos alunos participantes do movimento.”
Desde a madrugada desta quinta-feira, os alunos tentam aumentar a mobilização na internet. Eles afirmam terem tomado conhecimento “extraoficialmente” de que a reintegração de posse seria realizada nesta quinta-feira e pedem para que os alunos se dirijam à reitoria com celulares e câmeras para registrar a ação dos policiais militares. Segundo eles, o uso de força policial fere um acordo firmado pela mobilização de 2013 com a universidade que impediria a presença da polícia no campus da Unicamp.

Professor Popov tenta dar aula (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)


‘Ações excessivas’
Alguns dias após o movimento iniciado pelos alunos, os trabalhadores da Unicamp entraram em greve contra o arrocho salarial  e os cortes de verbas na instituição. No entanto, professores que não aderiram ao movimento decidiram continuar com suas aulas e foram duramente repreendidos por alunos.
Reportagem do G1 exibiu um vídeo onde alunos integrantes do movimento Ocupa Unicamp interrompem uma aula no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica. Na ocasião, um dos alunos chegou a apagar a lousa do professor Serguei Popov. Nas redes sociais, grupos a favor e contra o movimento trocam ofensas e até mesmo ameaças. Desprotegidos, professores registraram casos de agressão em boletins de ocorrência na 7ª Delegacia de Polícia, no Jardim Santa Genebra.
Nesta quarta-feira, a Unicamp decidiu se manifestar contra o que classificou como “incidentes envolvendo manifestantes nas unidades de ensino e pesquisa, principalmente aqueles que caracterizam constrangimento e intimidação”. Em nota, a universidade informou que os casos estão sendo apurados internamente para que sejam tomadas providências com base nas normas institucionais de condutas disciplinares.
A reitoria diz lamentar o que classificou de “intransigência e a irresponsabilidade dos estudantes” e que reconhece o direito de manifestação e greve, mas entende que direitos individuais e coletivos não são excludentes. Ainda de acordo com a nota, a Administração Central da universidade lamenta as “manifestações e ações excessivas, como piquetes e enfrentamentos, promovidas por grupos minoritários de estudantes, que vêm ocorrendo em várias unidades dos campi da Universidade, e tomará as providências cabíveis”.
Justiça
Na avaliação da universidade, os atos caracterizam o descumprimento da medida judicial expedida pela Segunda Vara da Fazenda Pública de Campinas. No dia 22 de maio, a Unicamp conseguiu na Justiça uma liminar que proibia alunos e funcionários de realizarem piquetes e bloqueios em prédios da universidade, sob pena de multa e reintegração de posse.
Na decisão, o juiz Wagner Roby Gidaro deixou claro que “nenhuma manifestação está autorizada pela Constituição Federal a invadir prédios como forma de usufruir direitos constitucionais e nenhuma reclamação grevista ou estudantil autoriza fechamento de vias ou prédios impedindo o trabalho dos demais servidores”.
O texto do magistrado dizia que integrantes do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) e do Diretório Central de Estudantes (DCE) deveriam se abster de fechar prédios, vias internas do campus em Barão Geraldo, salas de aula, restaurante, secretarias e departamentos. A decisão foi descumprida.
Reinvidicações
A primeira pauta de reinvindicação, contendo 11 itens, foi apresentada pelos manifestantes no dia 16 de maio, seis dias após a ocupação. No documento, os alunos pediam, entre outras coisas, que nenhum estudante fosse penalizado ou punido institucional ou judicialmente por sua participação na mobilização. Na ocasião, a reitoria divulgou documento afirmando que caso o prédio fosse entregue sem qualquer dano, não haveria responsabilização dos estudantes.
Os alunos também queriam a ampliação da moradia estudantil e a universidade informou que a pauta já consta no cronograma desde 2014, quando começaram as negociações para posse de um lote para ampliação da moradia em 500 vagas.
Sobre o corte de verbas, outra reclamação dos alunos, a universidade explicou em documento que a medida foi  adotada  em  razão  da conjuntura econômica, das consecutivas  quedas  na  arrecadação,  e que representam  uma  atitude  de  responsabilidade  e cautela   diante   do   quadro   econômico. A nota ressalta que o contingenciamento  de  despesas  abordará  principalmente  atividades administrativas  e não  atividades de ensino  e  pesquisa. Segundo a universidade, todos  os  programas  de  bolsas  de  estudos  e  de apoio à assistência  e  permanência estudantil estão integralmente preservados.