Estudantes teriam sido agredidos por um grupo que não é da universidade.
Além de roubar celulares, suspeitos vendiam drogas no local, afirmam relatos.
Celular roubado
O estudante Oswaldo Siqueira de Souza, de 18 anos, contou ao G1 neste domingo (15) que o namorado dele, de 23, teve o celular roubado no evento. “Estávamos em grupo de amigos e meu namorado com o aparelho na mão. Passaram três pessoas ao lado e uma delas pegou o celular e continuou andando como se nada tivesse acontecido. Eu quis ir atrás, mas meu namorado não deixou porque disse que poderia ficar pior. Como de fato ficou. Percebi que o alvo desse grupo era contra os gays, principalmente depois que soube dos casos de agressões”, contou Souza.
O aluno relatou que, após o episódio, deixou o local por volta das 2h da madrugada. O namorado não quis registrar um boletim de ocorrência. “A proposta do palquinho é muito boa, um evento de alunos feito para os próprios alunos. Foi bem organizado, mas essa falta de segurança acabou estragando a festa. Acho que seria uma boa opção deixar entrar apenas estudantes”, disse.
Agressão gratuita
O G1 tentou falar com um dos estudantes que foi agredido, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno. Na página dele no Facebook, o rapaz escreveu que eles e os amigos foram surpreendidos por um grupo de 10 a 12 garotos que, sem falar nada, começaram a bater nos estudantes.
“Nos jogaram no chão e nos chutaram, distribuíram socos e tudo mais. Além de nos ferir fisicamente, ainda feriram nossa moral, nos colocaram em uma situação humilhante. Ninguém é digno de sofrer uma agressão gratuita, aliás nem um tipo de agressão, principalmente quando não existe um motivo palpável para que isso aconteça, não sei se o ato foi pelo motivo de sermos homossexuais, porém me senti impotente, estou amedrontado e me sentindo extremamente indignado”, escreveu.
O estudante relatou que conseguiu escapar das agressões e correr até um grupo que o ajudou. “Se não fosse por isso, não sei o que seria. Agradeço as pessoas que nos ajudaram mesmo não sabendo quem são, pois no momento do desespero e do nervoso não pude agradecê-los por mostrar que ainda existem boas pessoas”, diz o texto.
Extrema violência
O aluno Lucas Boldrini contou que ele e mais cinco amigos voltavam para o alojamento quando presenciaram a cena de “extrema violência e tristeza”. Segundo ele, cerca de 8 jovens agrediam um estudante caído no chão com pisões no rosto.
“Eu e mais dois fomos tentar apaziguar a situação. Aos nos aproximarmos, os moleques cessaram a agressão. Chegamos a tempo. Esses moleques [agressores], horas antes, estavam vendendo drogas no palquinho”, relatou.
UFSCar apura o caso
Em nota, a reitoria da UFSCar informou lamentar profundamente tais ocorrências e, especificamente, a retomada da realização das festas, o que contraria acordo firmado entre o Conselho Universitário e representantes das entidades estudantis em dezembro do ano passado, que previa a suspensão da realização de festas até que uma proposta alternativa à proibição definitiva – frente às inúmeras ocorrências de ameaças à integridade física das pessoas e do patrimônio público associadas a esses eventos relatadas naquele momento – fosse apresentada pelos estudantes.
A universidade informou ainda que já está averiguando os fatos ocorridos para que possam imediatamente ser encaminhadas providências de responsabilização dos envolvidos e prevenção de novas ocorrências similares, bem como colocar-se à disposição das vítimas de quaisquer tipos de violência e/ou discriminação para o apoio institucional necessário
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